Comportamento Coletivo
8 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: China, colaboração, comportamento coletivo, Coréia, JAL, legislação trabalhista, redução de pensão, sacrifício dos assalariados
Um dos aspectos mais marcantes do comportamento asiático que impressiona os sul-americanos é a sua consciência da necessidade de uma colaboração dos participantes de uma coletividade, para atingir objetivos comuns.
Quando da primeira crise petrolífera um ministro brasileiro encontrava-se em Tokyo e viu uma autoridade japonesa apelando pela TV para a população para a necessidade de sacrifício dos assalariados para manter o nível de emprego de todos, abrindo mão de parte dos seus salários. Este ministro achou o apelo com possibilidade de pequeno sucesso, mas no dia seguinte, quando foi visitar a agência do Banco do Brasil, notou que tinha havido uma reunião entre os funcionários concordando com a proposta da autoridade japonesa, como ocorreu em outras empresas.
Agora, para salvar a JAL da falência e viabilizar a assistência do governo, um apelo desta natureza está sendo feito para os seus funcionários e aposentados, reduzindo as pensões que seriam pagas. Até agora se conseguiu dos que estão na ativa, havendo resistência de parte dos já aposentados. Como no sistema japonês o sindicato dos empregados é por empresa há uma tendência para a solidariedade em casos extremos como estes.
Algo parecido parece ocorrer também na Coréia. Na China as coesões provocadas pelo Partido Comunista são mais coercitivas, e os inter-relacionamentos das empresas com o governo são mais acentuados, principalmente por intermédio dos seus bancos oficiais.
No Brasil, o sistema sindical continua sendo por setores, numa mesma localidade, o que não facilita esta manifestação de solidariedade dos funcionários com a empresa da qual fazem parte, mas tem havido casos de acordos, que são aceitos pelos sindicatos.
Neste sentido, a flexibilização da legislação trabalhista, ainda que encontre resistências, parece ser um avanço necessário.
Até porque as empresas estão atuando num mercado globalizado, onde as condições de concorrência são acirradas, e necessitam serem equivalentes, naquilo que for possível. Não se trata, portanto, de reduzir as conquistas que os trabalhadores vieram obtendo ao longo do tempo, mas salvar o emprego, quando necessário.