Concorrência Para o Trem Rápido Brasileiro
23 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Trem Rápido | Tags: concorrência, condições anunciadas, possibilidades, trem rápido
Entrevistas dadas pelas autoridades brasileiras do setor de transportes anunciam que as tarifas mais baixas e a menor solicitação de financiamentos locais devem ser os fatores relevantes para o julgamento do vencedor, que preencherem as demais condições exigidas pelo edital.
Se assim for, sem se examinar profundamente as outras condições, as chances dos chineses ficam atrás. A recente inauguração de uma linha de mais de mil quilômetros ficou com uma tarifa em torno de US$ 100,00 para os passageiros, e informa-se que eles dispensam o financiamento do BNDES, dispondo-se até a conceder um empréstimo adicional para custear o projeto.
É claro que estas entrevistas só expressam parte da verdade, pois como já se colocou neste site, o melhor aproveitamento dos imóveis beneficiados pela nova ferrovia, bem como a operação ao longo de um prazo elevado, devem pesar no conjunto do julgamento.
Para tanto, torna-se estratégico que um grupo local participe do consórcio chinês, pois certamente a operação não poderá ser concedida por muitas décadas sem limitações para estrangeiros, pouco afeitos às condições de operações complexas de todo o conjunto, notadamente envolvendo aspectos imobiliários, como administrações de pontos de venda.
É claro, ainda, que somente parte da mão de obra, até a especializada, poderá ser importada. O conhecimento da geologia local, ainda não detalhada no projeto, é de difícil absorção por especialistas internacionais, que não tenham uma experiência variada. Deve-se recordar que alguns entendimentos que se processavam com grandes projetos emperraram em detalhes de natureza similar.
É inevitável que considerações estratégicas, inclusive políticas, venham a interferir em projetos desta natureza, pois certamente o primeiro trecho deverá ser a coluna vertebral de um amplo sistema indispensável para o Brasil, até porque estes projetos resultam na utilização de uma energia elétrica, a menos poluente entre as conhecidas.
Portanto, estas entrevistas de autoridades do segundo escalão devem merecer o devido cuidado na sua interpretação.