Esforço Econômico Coreano com Preservação da Qualidade
16 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Coréia, emprego, exemplos, Investimentos, qualidade | 2 Comentários »
Como qualifica o embaixador brasileiro na Coreia do Sul, Edmundo Fujita, este país está consciente que deve desenvolver uma cultura de sanduíche, por estar entre dois gigantes econômicos: o Japão e a China. Com grande pragmatismo, sabendo que conta com um mercado interno ainda limitado, desenvolve esforços para se manter competitivo no mercado internacional.
Os 30 maiores conglomerados coreanos indicam que, neste ano de 2010, seus investimentos devem crescer em cerca de 16,3%, ao mesmo tempo em que o emprego cresce 8,7%. E é preciso notar que este esforço se efetua paralelamente a um dos maiores empenhos em melhorar as condições do meio ambiente.
Uma equipe coreana visitou recentemente a América do Sul para relatar a sua experiência na melhoria do principal rio que cruza a sua Capital, Seul. Há pouco mais de 10 anos, tratava-se de um rio comparável com o Tietê, em São Paulo, altamente poluído e com o seu leito em precárias condições. Hoje, suas águas são límpidas, e tudo parece um jardim da mais alta qualidade, muito agradável para os que visitam aquela Capital.
Não se trata somente do esforço físico. A qualidade das atividades culturais, informa o embaixador Fujita, surpreende os que lá residem. Concertos de alto nível são frequentes, e mesmo os mais exigentes se mostram satisfeitos com o que os coreanos estão conseguindo. A qualidade de vida contrasta violentamente com a de algumas décadas passadas, quando estavam fazendo os esforços de reconstrução da guerra entre o Sul e o Norte.
Aliás, desenvolvem-se os esforços para o restabelecimento pleno das relações normais entre as duas partes em que ficaram divididos. Certamente conseguirão o que aconteceu na Alemanha, ainda que haja algumas resistências. Quando isto acontecer, este Tigre Asiático deslanchará mais ainda, agredindo o resto do mundo, além do que fazem comercialmente hoje. Porque o Norte é rico em recursos naturais, escassos no Sul.
Isto deve servir de lição para os sul-americanos, pois possuir somente recursos naturais não significa que o crescimento econômico e desenvolvimento do padrão de vida ocorrerão de forma automática. Muitas vezes, são os desafios da escassez que levam à imperiosidade da melhoria dos recursos humanos, fundamental para o desenvolvimento, que não pode ser somente material.
A comunidade coreana em São Paulo serve de grande exemplo. Chegaram pobres ao Brasil, após o término da guerra naquele país. Trabalharam duro, e seus hábitos eram estranhos para parte da população local. Mas suas igrejas e escolas desenvolvem trabalhos excepcionais, muitos dos seus filhos figuram entre os primeiros nas consagradas universidades, e suas empresas estão ocupando os pontos mais nobres da cidade, miscigenando-se com os demais brasileiros. E continuam mantendo os vínculos com seu país de origem, ainda que não sejam tão numerosos. Temos muito que aprender com eles.
Muito grato por citar algumas de minhas observações sobre a Coréia. Com efeito, esse país se assemelha hoje àquilo que o Japão foi nos anos 70 e 80, quando havia grande dinamismo, avanços tecnológicos e uma determinação nacional de vir a ser uma das economias mais imporantes do globo. Para tanto, estão se dedicando com particular empenho à combinação de produção industrial com inovações em ciência e tecnologia. Pode-se dizer que em termos qualitativos, a Coréia está hoje a menos de 10 anos de distância tecnológica do Japão (tendo até já superado em certos nichos como semi-condutores, LCD, telas planas, celulares e automotivos) e uns 20 anos à frente da China. A Embaixada do Brasil está buscando aproximar e criar sinergias entre a economia do conhecimento coreano e a bioeconomia brasileira para desenvolver uma parceria "win-win". Assim como os coreanos aprenderam muito com a experiência japonesa e estão construindo criativamente seu próprio espaço internacional, cabe ao Brasil se esforçar para aprender com a experiência coreana através de parcerias sinérgicas para alcançar novos patamares em seu desenvolvimento. A Embaixada do Brasil vem estimulando o desenvolvendo de um modelo de parcerias "2+2", associando uma empresa e um instituto de pesquisa brasileiros com uma empresa e um instituto de pesquisa coreanos, que permita dar saltos qualitativos, ampliação do intercâmbio bilateral e inclusive possível atuação conjunta em terceiros mercados. Para informações sobre áreas potencialmente promissoras, é só contatar a Embaixada aqui em Seul em [email protected].
Prezado Embaixador Edmundo Fujita,
Muito obrigado pelos comentários da mais alta relevância. Acompanhamos os trabalhos da Embaixada e estamos entusiasmados com as perspectivas futuras. As informações adicionais fornecidas, certamente, contribuirão para todos quantos se interessam pelo aumento do intercâmbio do Brasil com a Coreia do Sul.
Paulo Yokota