Interesses Estrangeiros na América do Sul
8 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: bolhas, câmbio, emprego, especuladores, exuberância, interesses estrangeiros, Tecnologia | 2 Comentários »
Sempre há interesse em separar o joio do trigo. Todos sabemos que os interesses de grupos estrangeiros tendem a se comportar como manadas, com muitos especuladores aproveitando a ingenuidade dos mais inocentes, antecipando-se a fatos que alimentam o imaginário coletivo. Não podemos nos interessar em bolhas que valorizam o câmbio e acabam prejudicando os legítimos interesses locais.
A recente valorização das Bolsas, ainda que parte seja uma recuperação da queda ocorrida anteriormente, parece a “exuberância” a que se referia Greenspan. Se os investimentos estrangeiros contribuírem para a ampliação da capacidade interna, competitiva internacionalmente, trazendo tecnologias, criando empregos para os trabalhadores locais, muito bem ! Se só se destinam a ganhos financeiros de curto prazo, aproveitando um câmbio extremamente valorizado, juros altos em termos internacionais, uma mera troca de papeis, há que se tomar a devida cautela. Mesmo admitindo que a especulação ajuda a lubrificar o mercado, e possa representar a vanguarda de investimentos diretos.
Com os investimentos diretos, quando estão vinculados a outros interesses políticos, um pouco de cuidado é sempre desejável. Não podemos ser ingênuos a ponto de admitir que eles pensam nos locais, mas defendem duramente os seus próprios interesses. Quando coincidem com os nossos, tudo bem, mas nem sempre é o caso.
Muitos países emergentes sul-americanos como o Brasil passam por um momento favorável, mas é preciso manter a consciência que enfrentamos também os nossos problemas e limitações. Não podemos confundir os nossos interesses, nem sermos nacionalistas exagerados. Sabemos que fazemos parte do mundo, e o desenvolvimento sul-americano vai depender das conquistas que conseguirmos no resto do mundo. É um difícil equilíbrio, principalmente quando são raros os que pensam a longo prazo, concentrando-se nos interesses coletivos, ainda que possamos ser beneficiários individuais de melhorias gerais. Por isto o exercício da política econômica é uma arte, não a prática de uma ciência exata.
A iniciativa individual tem que ser premiada, mas com limites claros. A criatividade, decorrente da diversidade e da miscigenação, deve ser utilizada na América do Sul, mas uma parte deve contribuir para o bem comum. Não podemos sacrificar o patrimônio das gerações futuras, preservando adequadamente o meio ambiente.
Hoje a humanidade é capaz de produzir o suficiente para quem ninguém passe fome, e tenha um padrão de vida mínimo e aceitável. Afinal, somos todos membros de uma mesmo tribo global, sem que os interesses de subgrupos tenham que sobrepujar os coletivos.
Sonho ? É possível, mas os avanços da humanidade foram produtos de muitos visionários.
Parabéns pelo conteúdo Paulo!
Encontrei o site pesquisando por informações sobre o Japão e acabei virando um leitor.
Seus posts me ajudam a compreender melhor a Ásia, complementando a experiência que estou tendo em Taiwan no momento.
Um abraço,
Vinicius
Caro Vinicius,
Muito obrigado pelo comentário. Em Taiwan V. está num ponto de observação importante, pois toda a Ásia, não só a China e a Índia, como os países do ASEAN passam por uma fase importante da evolução desta parte do mundo, contribuindo com todo o universo.
Paulo Yokota