Índia, Outro Gigante Asiático

8 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Intercâmbios | Tags: automóveis, classe média, diversidade, emergentes, Índia, informática, parceiros internacionais, produtos populares | 4 Comentários »

Todos sabem que outro gigante asiático, tanto em população que supera a casa dos 1 bilhão de habitantes, como em extensão geográfica é a Índia, que conta com uma longa história, tradição cultural e habilidade comercial. O que dificulta a compreensão deste país é a sua extrema diversidade, sendo que os jornais disponíveis daquele país estão em quase uma centena de idiomas regionais. Para se entenderem entre eles e se comunicar com o exterior utiliza-se o inglês, idioma que foi usado quando faziam parte do Império Britânico.

Os países industrializados, quando cogitam de produzir produtos voltados para os países emergentes, sempre consideram a India como uma alternativa a ser examinada. Não só porque contam com um mercado interno representado por uma classe média que supera a 200 milhões de habitantes, sete vezes maior que a brasileira, mas pelo seu elevado crescimento econômico que vem superando os seus 5% por cento anuais, mesmo em conjunturas adversas, incorporando novas camadas de população de baixa renda no mercado.

Como em outros países emergentes, as diferenças sociais são grandes, até porque no passado existiam castas entre eles, contando com dezenas de religiões e etnias diversas, quase na totalidade de comportamento pacífico. Mas, na média são considerados mão de obra que não apresentam problemas, havendo um elevado número de profissionais de boa qualidade, até com pós-graduação no exterior, em ótimas universidades, que trabalham eficientemente com salários considerados irrisórios ao nível internacional. Sempre estas generalizações são perigosas, porque existem alguns poucos conflitos regionais, por problemas étnicos e religiosos.

Alguns grupos empresariais hindus vêm se destacando no cenário internacional como um dos grandes produtores siderúrgicos. Muitas empresas globalizadas utilizam a excelente mão de obra local qualificada, para instalarem “call centers”, treinando o pessoal para os sotaques desejados, pois a maioria possui influência inglesa. Os hindus estão se destacando na produção de “software” para o mercado internacional. Portanto, não se trata somente da produção de artesanatos exóticos, conhecida dos sul-americanos, cuja exportação continua relevante.

Mesmo os grandes e tradicionais produtores de autos, admitem que os hindus possuem a tecnologia e capacidade para a produção de veículos de baixo custo, competindo com os chineses. Trata-se, portanto, de uma economia que precisa ser examinada com cuidado, até para a constituição de “joint ventures” com os brasileiros.

Se examinarmos com cuidado o comércio internacional, ao contrário da idéia predominante, ele é mais intenso entre parceiros que produzem bens semelhantes, anda que a complementaridade seja relevante. Assim, produtores de automóveis como o Japão e os Estados Unidos importam e exportam entre eles, modelos diferentes, mesmo que da mesma marca. Com os custos de transporte em queda, a escala passa a ser mais relevante, além de permitir a troca de componentes. Muitos parceiros brasileiros no exterior fazem o mesmo conosco.

Portanto, a Índia que, como o Brasil, desponta em importância no mundo, e merece a atenção de todos os sul-americanos. É preciso abandonar a idéia de que trata de um país exótico, pobre. Pobre somos nós sul-americanos que não temos uma história e cultura tão consolidadas como os hindús.