O Dilema do Google na China
15 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: China, dilema, direitos humanos, Google, segurança nacional | 1 Comentário »
A matéria de Jessica E. Vascellaro, do The Wall Street Journal, saiu no Valor Econômico de 15, 16 e 17 de Janeiro com o título de “Censura na China…”, quando meu texto sobre Empresas Estrangeiras na China envolvendo o Google foi elaborado no dia 14, em torno das 18h, como está registrado no meu computador. Não estou disputando a primazia, pois este assunto já estava no noticiário ha alguns dias, mas para evitar qualquer dúvida sobre plágio.
Só desejo opinar sobre o dilema que esta grande empresa, que está prestando um grande serviço no mundo, encontra-se colocada. Como expliquei, e a matéria do Valor Econômico confirma, muitas empresas estrangeiras, inclusive norte-americanas, não obtêm lucros na China, mas nas atividades que desenvolvem com produtos lá fabricados e comercializados no mundo todo.
A grande dificuldade se relaciona com os serviços como do Google, que precisam obter resultados lá mesmo na China. Quanto à interferência das autoridades locais, que também condeno, parece que deixa esta grande empresa num grande dilema. Todos sabem que os Estados Unidos colhem informações nos satélites de comunicações, notadamente quando procuram coibir o tráfego internacional de drogas, a pedofilia ou as atividades terroristas que podem colocar em risco a segurança nacional. E interferem nestas comunicações.
Como comentei, muitos dissidentes chineses enviam mensagens de cunho separatista para o exterior. Também condeno que o governo local interfira nestas comunicações, mas do ponto de vista chinês, não se trataria de assunto de sua segurança nacional? Estamos num campo onde os pontos de vistas dependem de que lado do prisma se examina a questão. É um duro dilema, mas até agora parece que a política mais aceita, do ponto de vista internacional, é o da não intervenção em assuntos internos. É muito difícil distinguir quais os limites quando envolvem os direitos humanos, que todos aspiramos que sejam respeitados.
Muitos ficam indignados, e até mesmo norte-americanos, quando se trata dos direitos daqueles que ficaram retidos em Guantánamo, sem uma condenação formal, ou mesmo direito de defesa.
Eu não gostaria de estar na pele dos dirigentes do Google, pois parece que não podem usar dois pesos ou duas medidas…
No post anterior, "Empresas Estrangeiras na China" Paulo Yokota analisou a polêmica 'Google in China' de um prisma completamente outrem do que vinha sendo divulgada na midia. Para nós leigos em comércio exterior ou economia, foi um impacto, um "knock out", mas nos fez enxergar além, para uma reflexão mais cuidadosa. Agora, só vem provar que o Paulo enxerga, sim, muito longe, e nos deixa muito mais do que bem informados. Great, Paulo, that's the boy!