Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Poupança na Ásia

19 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: depósitos bancários, joias, poupança, reservas

Os economistas e outros estudiosos sabem que a taxa de poupança dos asiáticos, como regra geral, é mais elevada que a média em outras regiões. Algumas razões podem ser apontadas para este comportamento, que gera volumosos recursos que estão financiando o resto do mundo em muitas de suas necessidades.

Os chineses, e também, alguns povos do sudeste asiático, como os tailandeses, costumam deixar uma parte de suas poupanças em joias, de forma semelhante com alguns grupos de origem judaica. Isto decorre de uma longa história de perseguições de que foram alvos, determinando a sua preferência por bens que podem ser escondidos e transportados com facilidade.

Um simples cidadão chinês explicou-me que eles são anarquistas, no sentido que são contra os governantes. Eles fazem guerras e os saqueiam, ou tomam seus recursos cobrando elevados impostos. Aprenderam que devem se cuidar, com base na família que acabam resultando em clãs. Para tanto, precisam contar com reservas para as eventualidades, não contam com o governo e o Estado.

Os japoneses, tradicionalmente, aplicam parte das suas reservas em ações, pensando em sua aposentadoria. Possuem a cultura de se preocuparem a longo prazo, pois ela foi desenvolvida em um arquipélago, que não conta com muitos recursos e enfrentam adversidades. A previdência social sempre foi insuficiente, e se não formarem suas próprias reservas, sabem que podem passar no futuro por necessidades.

Até os trabalhadores estrangeiros que moram na Ásia acabam absorvendo esta cultura, pois também estão em situações provisórias, que estão se tornando permanentes. Sua taxa de poupança é elevada, deixando volumosos depósitos em bancos, para eventuais necessidades. Evitam esbanjar todos os rendimentos que obtêm.

Isto chegou a tal ponto que, por exemplo, nos períodos de maior aperto financeiro internacional do Brasil, eram os depósitos dos chamados indevidamente de “dekasseguis” (eram os trabalhadores japoneses que deixavam o Norte nos invernos, para trabalharem temporariamente no Sul), a se tornarem a fonte principal dos cruciais recursos externos para sustentar a economia brasileira.

Quem sofreu com guerras e outras calamidades sabe que precisa poupar, para manter reservas para as eventualidades.