Problemas Crônicos
8 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: apagões, comunicações, educação, infra-estrutura, inundações, longo prazo, Saúde, segurança, transportes
Mesmo que alguns problemas de infra-estrutura nos países emergentes sejam considerados crônicos, heranças de desleixos das administrações públicas passadas, parece que muitos deles estão se agravando e pouco está se fazendo. Um exemplo é o caso das diárias inundações que ocorrem em metrópoles considerados promissores como São Paulo. Todos sabem qual é o período das chuvas mais intensas, e a cada inundação a desculpa é que se trata de precipitação excepcional.
Os dados estatísticos disponíveis são longos, e a infra-estrutura necessita ser preparada para os picos mais elevados de chuvas, como ocorre com as represas para a produção de energia. Não parece razoável que as inundações sejam diárias.
Também a infra-estrutura de transporte parece insuficiente, principalmente quando o deslocamento de massa continua sendo menos privilegiado. Soluções emergenciais e paliativas não atendem as necessidades da população local e assustam os investidores estrangeiros, que estão considerando as oportunidades, comparando o que acontece no mundo globalizado, com retornos em longo prazo.
O mesmo acontece com os problemas de segurança, como de educação e saúde. Os fatores mais considerados são a qualidade de vida e dos recursos humanos que serão utilizados. Não só pela qualificação que está se elevando com o “on the job training”, ou seja, o treinamento no próprio trabalho, dado o empenho dos trabalhadores brasileiros. Mas, se não podem chegar no seu posto de trabalho no horário marcado, por problemas de transporte, ou apresentam problemas de saúde, inclusive de familiares, a capacidade das empresas acabam ficando reduzidas, baixando a sua eficiência, indispensável para manter a sua competitividade.
Algo semelhante ocorre com a infra-estrutura dos serviços básicos, como a energia, abastecimento de água, comunicações. Se existem constantes “apagões” que deixam as unidades produtoras fora do ar, mesmo que por algumas horas, algo está errado. As privatizações destes serviços que foram públicos privilegiaram recursos carreados para o poder público. Sem considerarem adequadamente a qualidade dos seus serviços no prazo mais longo, gerando tecnologias e investimentos que garantissem a sua qualidade. E as tarifas continuam as mais elevadas do mundo.
Apesar destes e outros problemas, continuamos atraindo as atenções do mundo. Precisamos considerar as nossas limitações com maior seriedade, pois não somos as únicas alternativas. Todos têm os seus problemas, mas se sonhamos nos tornar desenvolvidos, precisamos fazer as nossas lições de casa, com perspectivas de longo prazo.