Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Taxas de Juros no Mundo

28 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: juros na Ásia, juros no Brasil

O Copom do Banco Central do Brasil decidiu manter a taxa de juros básica da Selic em 8,75%, dando a impressão que está fazendo um grande favor, com juros reais acima de 4%, descontada a inflação esperada. Mas, na realidade, trata-se de uma arrogância que pretende que seus auxiliares e dirigentes possuem uma ciência e capacidade superior a de outros analistas e mesmo colegas dos demais setores do governo. Eu fui diretor do Banco Central na pré-história.

Os juros nos países asiáticos costumam ser negativos, como em muitos outros países, notadamente nos momentos de crise. Por que, então, as taxas de juros reais do Brasil são recordes no mundo?

O temor principal dos dirigentes atuais do Banco Central é que o setor fiscal do governo é irresponsável e, num ano eleitoral, vão acabar provocando um déficit, estimulando o crescimento da demanda. De outro lado, com o governo sendo incapaz de controlar o fluxo externo dos recursos, há risco de uma desvalorização do câmbio, como está ocorrendo ligeiramente, pressionando os preços dos produtos que participam do comércio exterior, tanto para importação quanto para exportação.

Ora, o que tem determinado um fluxo especulativo de recursos externos é exatamente a impossibilidade de o Banco Central tomar medidas inteligentes para coibi-lo, como vem fazendo muitos países. Não é possível o país ficar ao sabor do sistema financeiro internacional que vem aproveitar os mais altos juros do mundo, ou, repentinamente, haver um forte refluxo devido às razões mais variadas.

Há uma desconfiança que as Bolsas brasileiras, que proporcionaram resultados de mais de 5% ao mês, quando aplicados em dólares, passa por uma bolha, com índices recordes de altas no mundo.

Quando os juros se mantêm altos, prejudicam o Tesouro Nacional e os empresários que desejam fazer investimentos. Os consumidores brasileiros dependem da disponibilidade do crédito, e as empresas comerciais do país viraram instituições financeiras. Tente adquirir um bem à vista, pedindo a redução do custo financeiro. A resposta costuma ser que o preço é o mesmo, coisa que deveria ser impossível.

Não é possível que dirigentes do Banco Central continuem se arrogando como os salvadores de Pátria, quando na realidade vêm mantendo o Brasil crescendo muito menos que países asiáticos, tendo todas as qualidades para obterem resultados equivalentes ou superiores.