Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Trabalhadores Brasileiros no Exterior

28 de janeiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: brasileiros no Japão, na Europa, no Paraguai, nos Estados Unidos | 14 Comentários »

Tivemos uma reunião para troca de ideias com o diretor do Gabinete do Primeiro-Ministro Japonês, escritório de Coordenação da Política para os Residentes Estrangeiros (indevidamente chamados de dekasseguis), Takeshi Miyaji, acompanhado de seu segundo, Tanaka Hidekazu, e do diretor superintendente da CIATE – Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior, sediado em São Paulo, para troca de ideias. O governo japonês está preocupado com os problemas enfrentados pelos sul-americanos no Japão.

Evidentemente, poucos sabem que o maior número destes trabalhadores se encontra no Paraguai, os “brasiguaios”. Entre os que estão nos Estados Unidos ou na Europa, os ilegais são elevados. E até na China encontramos trabalhadores brasileiros ensinando técnicas para a produção, como a de calçados.

Os problemas destes brasileiros e sul-americanos são muito diferenciados. Existem muitos que foram bem sucedidos, tendo virado empresários que são os “olhos e braços” do Brasil no exterior, com seus problemas e sucessos. Estão ajudando a abrir mercados para produtos brasileiros, e merecem um apoio mais substancial das autoridades brasileiras pelo seu pioneirismo.

Outros enfrentam problemas sociais, como de desemprego, educação e criminalidade dos filhos, dificuldade de aprendizado da língua local, e uma ampla gama de outros. Todos lamentáveis. Mas não seria a identificação dos casos de sucesso um caminho para recomendar o que se pode fazer para melhorar as condições deles ?

É difícil quando eles não aprendem o idioma local e seus costumes, afinal residem no exterior. Mas tais resistências são compreensíveis, tanto pela limitação do tempo quanto pela existência de imigrantes japoneses no Brasil que, depois de mais de 50 anos neste país, têm uma limitada compreensão do português.

Vendo os casos de sucesso, que são muitos, ou o que conseguiram em outros países, parece que se podem encontrar os melhores meios de os apoiarem, que não é só tarefa das autoridades locais, que já fazem algumas coisas. Na realidade, temos muito que aprender com estes brasileiros que já viveram décadas no exterior, enfrentando suas dificuldades, mas realizaram muito, contribuindo para o desenvolvimento brasileiro, inclusive com volumosos recursos financeiros, que atraem os bancos nacionais.

Eles acumularam muitas experiências que empresários brasileiros não conseguem em viagens de alguns dias, por mais experimentados que sejam. A vivência é sempre uma grande escola, principalmente neste mundo que se globaliza cada vez mais.


14 Comentários para “Trabalhadores Brasileiros no Exterior”

  1. Ernesto Fujiki
    1  escreveu às 10:48 em 29 de janeiro de 2010:

    Oi Yokota, parabéns pelo site!! Recebo e leio todos os dias. Grato!

    Com relação aos dekasseguis, existem também de outra nacionalidades trabalhando por lá (filipinos e chineses?). É ótimo que "O governo japonês está preocupado …", porém uma observação e perguntas. As empresas privadas japonesas tratam bem os funcionários japoneses efetivados, com bonus anuais, estabilidade e previdencia de aposentadorias. Se lixam simplesmente aos temporários, jogando-os na sarjeta. Agora às perguntas: como o governo japonês ve essa dualidade de tratamento? E os empresários japoneses?

    E você, que conhece bem a cultura e costumes japoneses tem alguma observação/comentários? É comparável com os nossos temporários bóias frias de açúcar, café e laranja, nos estados mais ricos do Brasil?

    Abraços a todos do site.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 08:49 em 4 de fevereiro de 2010:

    Caro Ernesto Fujiki, obrigado pelos comentários e questões. Não gosto da expressão dekassegui que era usado antigamente no Japão para os trabalhadores que vinham do Norte, no inverno, para trabalhar no Sul. Existem muitos chineses, coreanos, filipinos e os trabalhadores do Sudeste Asiático e até do Oriente Médio. Há uma tradição de trabalho terceirizado no Japão, e muitos, mesmo japoneses, não contam com todas as seguranças. O governo brasileiro e japonês estão discutindo o assunto e as autoridades japonesas locais estão prestando muitos e importantes serviços. Paulo Yokota

  3. Helena
    3  escreveu às 14:55 em 7 de fevereiro de 2010:

    Olá, Yokota!
    Cheguei até aqui através de um alerta que recebo, já estou me inscrevendo para receber as atualizações e vim parabenizar-lhe pelo site.
    Vejo que tem conhecimento sobre o assunto e descreve de forma simples e concisa.
    Gostaria só de acrescentar, pois hoje sou mais uma peã no Japão, que há necessidade de um preparo maior aos que desejam trabalhar no exterior.
    Comento sempre que é preciso uma aula pré-dekassegui para os que querem migrar para o Japão. Embora existam muitos sites que tragam várias informações é preciso mostrar mais claramente o que é a vida de um trabalhador no Japão, mostrando costumes e exigências, o modo de vida do povo japonês e, infelizmente, em virtude de uma série de acontecimentos ruins que tornam os brasileiros maus vistos, como funcionam as leis no Japão.
    Muitos se perdem em seus objetivos, logo que chegam ou ao longo do tempo em que descobrem facilidades.
    Sei que é um assunto para outro tema, mas fica registrada a observação.

    Obrigada pelo espaço.
    Abraços

  4. Paulo Yokota
    4  escreveu às 18:17 em 7 de fevereiro de 2010:

    Cara Helena Goto,

    Muito obrigado por acessar o site e pelos fundamentados comentários. Concordo inteiramente consigo, e estou soliciando ao CIATE – Centro de Informação e Apoio aos Trabalhadores no Exterior que, com seus recursos limitados, aumente a disponibilidade de dados sobre o Japão. Existem cursos, mas poucos procuram estas ajudas, possivelmente pelo desconhecimento da existência de um esforço desta natureza. Vamos fazer o que for possível para aumentar estas informações, inclusive por este site que solicito divulgar entre seus colegas. Abraços.

  5. Dino Slender
    5  escreveu às 08:20 em 9 de fevereiro de 2010:

    Prezado Paulo,

    Gostei bastante do seu texto! Finalmente encontrei uma pessoa que compartilha da mesma visão que eu tenho sobre as comunidades brasileiras espalhadas pelo mundo afora.

    Venho comentando com diversos amigos sobre o Know-How dos empreendedores brasileiros que moram fora do Brasil. Em especial no Japão. Que iniciaram projetos baseados na sua experiência de vida no arquipélago nipônico.

    Dias atrás, postei um texto sobre 3 empresas de brasileiros que moram no Japão e tem seus negócios mais globalizados do que muitas grandes empresas do Brasil.

    Arigatou! Já estou seguindo o feed.

  6. Paulo Yokota
    6  escreveu às 09:35 em 9 de fevereiro de 2010:

    Caro Dino Slender,
    Muito obrigado pelos amáveis comentários. Acho que não se trata somente do Japão, mas os brasileiros estão descobrindo esta Ásia que representa 60% da população mundial, e caminha célere para ter a mesma importância econômica. Conectar os negócios com este mundo que cresce, parace uma estratégia importante, mas com todo o cuidado, pois possuem uma cultura muito diferente da nossa.

  7. Edson
    7  escreveu às 17:31 em 4 de abril de 2010:

    Grande Paulo Yokota;

    São muitos assuntos q merecem atenção, porém vou me focar no q diz respeito ao meu cotidiano e rotina, e dele tecer alguns comentários;

    Antes de tudo, vejo muitos dizendo sobre choque de culturas e até utilizam isso p/ justificar erros, enfim, nossas atitudes independem de onde vivemos, estamos exatamente onde escolhemos.

    Lametavelmente a imagem do brasileiro está bastante comprometida e, pior, não vejo nada sendo feito p/ mudar isso….e o pior ainda é pensar q essa tal imagem é espontânea, portanto é a mais autêntica imagem a ser fixada aqui no Japão.

    Tenho muitas outras abordagens sobre o "nosso" comportamento e talvez desperte algum trabalho no sentido de melhorar essa imagem.

  8. Paulo Yokota
    8  escreveu às 07:51 em 5 de abril de 2010:

    Caro Edson,

    Muito obrigado pelo comentário. Concordo que como são muitos brasileiros que se encontram no Japão, como em outros países estrangeiros, espera-se que eles conheçam o mínimo deste países e procurem comportar-se como é esperado dos estrangeiros. Muitos foram sem este preparo, somente para lutar para sobreviver economicamente, cometendo erros sobre os quais os japoneses, com seu valores, atribuem importância que não seria dada no Brasil. Lamentavelmente, isto está comprometendo a imagem de outros brasileiros que procuram se ajustar às condições locais, e todos são seres humanos que possuem reações diferentes.

    No conjunto, os imigrantes japoneses que vieram para o Brasil, também enfrentaram problemas de adaptação, mas deixaram a imagem de bons trabalhadores, honestos, que hoje favorecem os japoneses e seus descendentes. Precisamos fazer algo mais sistematizado para melhorar esta imagem, e existem esforços individuais ou de pequenos grupos. Temos a responsabilidade de melhorar a compreensão dos brasileiros, principalmente os que vão residir no Japão, sobre os costumes locais, o que parece poderia ser um programa mais elaborado das entidades que ainda existem na comunidade.

    Não podemos atribuir somente aos que se comportam inadequadamente, mas precisamos que eles saibam claramente que não só estão prejudicando a si mesmos, como aos demais brasileiros.

    Vamos continuar contribuindo para esclarecer outros aspectos, que todos merecem atenção.

    Paulo Yokota

  9. regiana
    9  escreveu às 12:33 em 14 de junho de 2010:

    Olá… estou fazendo um trabalho e gostaria de saber qual é o maior problema que o Japão enfrenta hoje. Poderia me ajudar?
    Obrigada

  10. Paulo Yokota
    10  escreveu às 14:32 em 14 de junho de 2010:

    Cara Regiana,

    É muito dificil dizer simplesmente qual o maior problema de um país. No entanto, o que pode se sentir que o Japâo, de um longo período de rápido crescimento no após guerra, entrou em estagnação que perdura até hoje. Inicialmente foi afetado pela crise petrolífera, pois nâo conta com nenhuma produção desta matéria prima vital. Ingressou, depois numa “bolha” de crescimento alimentado pelo seu setor financeiro. Agora enfrenta em envelhecimento de sua população que passou a decrescer, sobrecarregando os que trabalham com encargos pesados, chegando a ter uma dívida pública que é mais que o dobro do seu PIB que ainda é o segundo no mundo. Um país que conta com poucos recursos naturais e depende muito do exterior, acaba enfrentando problemas como os atuais do Japâo.

    Paulo Yokota

  11. amanda
    11  escreveu às 06:17 em 12 de agosto de 2010:

    que legal eeeeeeeeeeeeeeem.

  12. Paulo Yokota
    12  escreveu às 08:51 em 12 de agosto de 2010:

    Cara Amanda,

    Ter que trabalhar no exterior tem seus aspecos positivos como negativos. A maioria dos brasileios que se encontram no Japão, que de cerca de 320.000 foram reduzidos para cerca de 250.000, é porque não encontraram melhores alternarivas no Brasil. Eles enfrentam os problemas de ensino dos filhos em escolas brasileiras que estão perdendo alunos, pois seus custos são elevados. Está se estudando os problemas da previdência social, um acordo entre o Brasil e o Japão, mas que vai levar tempo para se tornar efetivo.

    Paulo Yokota

  13. marina akimi uezu
    13  escreveu às 09:48 em 15 de julho de 2015:

    Prezado Dr. Paulo Yokota

    Parabéns pelo site, fico feliz em saber que continua sempre na ativa , contribuindo com o nosso país ao mesmo tempo vem auxiliando os brasileiros no exterior compartilhando com informações relevantes de forma compreensível . Com o seu site posso sentir bem mais próximo do que quando estava no Brasil . Aproveitando o comentário acima, creio que é do seu conhecimento, no Japão temos a IPC-TV que foi pioneira em todos os sentidos, além do jornal, confeccionava todos os anos material- tipo manual de informações com temas e informações interessantes que eram distribuídos gratuitamente. Com avanços da tecnologia e novos tempos as redes sociais foram ocupando esse espaço enfraquecendo os serviços da televisão que tem sido uma perda, por um lado as redes vieram facilitar a vida e por outro veio prejudicar pelo seu mal uso . As fontes de informações nem sempre fundamentadas,e por desconhecimento o leitor está perdendo a capacidade de discernir, quer estar conectado e aliviar o seu stress, não percebe a manipulação tendenciosa da mídia que explora o emocional e redes que controlam a massa. Diante desta fragilidade é que se encontram a grande maioria, distante do país, distante da atividade cultural que possa crescer . Acrescento que fomos contemplados com excelentes diplomatas, tanto Embaixador como Consul Geral, ambos bastante presente e atuante .
    Aproveitando o seu cabedal de conhecimento, bem como, sua generosa atenção sugerir a possibilidade de escrever artigos direcionados aos trabalhadores que ainda não perceberam a importância de investir nos seus genitores de forma mais presente, o trabalho e as redes sociais tem absorvido de forma alienante, comprometendo a vida familiar de muitos .Insistir e apontar para esta realidade estar atentos no cuidado destes hábitos para que possam reparar e cuidar na formação de futuras gerações.
    A história dos antepassados parecem tão distantes para esta geração, não desperta interesse, conhecimento histórico precário, por esse motivo ,desconhecem a luta e suas dificuldades diante de cada circunstância, desistem logo a qualquer obstáculo. Penso que diante deste quadro o Sr. é uma das grandes figuras de destaque, como descendente orgulhamos pelo respeitável curriculum que apresenta . Engajar na cultura japonesa acompanhar os padrões sua sutileza, sem o conhecimento e entendimento histórico cultural do país é um desafio .Tem levado muitos jovens brasileiros afastarem da escola. Com a perda de sua identidade estão também perdendo a oportunidades por falta nossa, o direito da criança pouco respeitada quando se trata ao amparo emocional O nosso consulado tem se preocupado, desempenhado bem sua tarefa, mesmo diante das dificuldades de verba e atenção de nossos governantes.
    Penso que o governo brasileiro está sendo omisso principalmente na área da educação vem perdendo a grande oportunidade no futuro próximo deixamos de formar brasileiros com preparo suficiente para servirem de ponte e modelo que possa elevar o nosso país para a boa divulgação.

    abraços

  14. Paulo Yokota
    14  escreveu às 17:50 em 15 de julho de 2015:

    Cara Marina Akimi Uezu,

    Obrigado pelos seus amáveis comentários. Faço um pouco do que posso, mas tenho as mesmas preocupações suas. Não tenho oportunidade de acompanhar o IPC TV que procurava acompanhar, e só vejo alguns programas da Globo sobre o Japão. Sei que muito difícil acompanhar o que vai pelo Brasil do exterior, e todos temos preocupações com as heranças culturais que são importantes. O problema não está ocorrendo somente no Japão, mas em todo o mundo, como as preocupações com os nossos idosos, que nos transmitiram seus conhecimentos. Acho que a contribuição de Confúcio, por exemplo, está sendo esquecida em toda a Ásia.

    Esteja certa que estas preocupações estão sempre na minha mente, mas posso fazer muito pouco para contribuir com algo.

    Paulo Yokota