Formação de Grandes Grupos na Produção do Etanol
19 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Empresas | Tags: consolidação do setor, Cosan-Shell e outros privados, ETH-Brenco
O setor alcooleiro passa por um processo de concentração, com participação de grupos internacionais. Tendo começado há séculos no setor açucareiro, havia no passado um grande número de empresas familiares, que nos períodos negativos dos seus diversos ciclos necessitavam do suporte oficial.
Depois da consolidação do uso do etanol como um combustível não poluente para veículos, tanto misturado à gasolina como puro, já estava havendo um processo de desaparecimento das unidades menos eficientes, absorvidas pelas que contavam com maior capacidade financeira.
Na realidade, esta é uma atividade que exige um elevado capital de giro, pois a sua produção se concentra no período da safra, e os estoques necessitam ser mantidos pelo ano todo. Com uma grande interferência do governo tanto nos seus preços como nos percentuais de mistura.
Ao mesmo tempo, como algumas usinas permitem a conversão do álcool para açúcar, dependendo do mercado internacional deste último produto, chega a haver falta de etanol no mercado interno para veículos. A alcolquímica dá seus primeiros passos, principalmente na produção de plásticos biodegradáveis.
O movimento que se processa atualmente, além de provocar uma concentração que proporciona ganhos de escala, está resultando numa maior profissionalização dos seus principais executivos, além da absorção de tecnologias administrativas sofisticadas.
Na medida em que aumenta o comércio internacional do etanol, há um esforço para transformá-lo numa “commodity” livremente negociável, tanto no mercado “spot” (para pronta entrega) como no mercado futuro. Quando isto acontecer, o estoque exigido deverá diminuir, contando-se com a importação quando necessário para abastecer o mercado interno.
Haverá uma necessidade de uma padronização do etanol, e a sua tributação deverá sofrer aperfeiçoamentos. Mas como os grandes grupos internacionais trabalham com uma perspectiva de longo prazo, há esperanças de que tudo caminha neste sentido.
Existem riscos variados, como a possibilidade de ampliação de novas fontes de energia, e substanciais quedas de preços da principal fonte, que continua sendo o petróleo. Mas a pressão internacional por combustíveis não poluentes geram expectativas novas.