Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Muito Teatro Para Pouca Substância

19 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: autonomia, Dalai Lama, Obama | 2 Comentários »

Obama_museu Como em muitos acontecimentos internacionais, a entrevista concedida por Barack Obama a Dalai Lama gerou mais barulho que consequências concretas. Este assunto já foi tratado num outro texto deste site, antes do acontecido.

Barack Obama afirmou que é a favor da autonomia “cultural” do Tibete, e o vice-ministro do exterior da China convocou o embaixador para exigir explicações sobre a audiência, segundo o que está na imprensa.

A China, como é sabido, conta com poucos recursos hídricos, e os seus dois grandes rios se originam das geleiras do Himalaia, e mesmo com as reações internacionais não abrirá mão, em nenhuma hipótese, do controle destas cabeceiras. Este é um ponto considerado mais importante que a possibilidade de fragmentação da sua unidade nacional.

Certamente a diplomacia norte-americana não permitirá que nenhuma potência estrangeira paute a agenda do presidente Obama, mas é realista suficiente para não confrontar diretamente a China. Assim, divulgar a sua posição a favor da autonomia “cultural” do Tibete é parte de um mero jogo diplomático, em nada mudando o quadro existente.

Além da China ser o maior parceiro comercial dos Estados Unidos, o seu financiamento é parte importante da dívida externa americana, mesmo que tenha sido suplantada temporariamente pelo Japão.

A China valoriza a sua diversidade cultural e muitas de suas regiões são estimuladas a divulgar as manifestações regionais, ainda que o predomínio seja a da raça “han”, que representa 80% de sua população. As minorias raciais que são de muitas dezenas, utilizando línguas populares totalmente diferentes, exigem o uso do mandarim para se comunicar entre eles. Isto já acontece desde as épocas imperiais, que foram muitas, e os chineses sabem que isto não vai mudar.

Portanto, se no Tibete há muitas manifestações religiosas do budismo tibetano, que é essencialmente pacifista e supervalorizada no exterior, as autoridades centrais as toleram, pois a sua repressão teria consequências difíceis de serem controladas, mesmo com o emprego da força.

Assim, tudo continua como dantes…


2 Comentários para “Muito Teatro Para Pouca Substância”

  1. Jaime Pereira da Sil
    1  escreveu às 07:05 em 20 de fevereiro de 2010:

    Enquanto o mundo continuar colocando os interesses econômicos em primeiro lugar, o humanismo permanecerá relegado a planos secundários, com cidadãos de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta categorias, como se fossem mercadorias (até rimou). O equilíbrio político continua tenso na Terra, muito além dos terremotos naturais. Qualquer deslize, vence o mais forte. A Argentina e a Inglaterra, por exemplo, voltam a se estranhar por causa do petróleo nas Ilhas Malvinas.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 15:37 em 20 de fevereiro de 2010:

    Caro Jaime Pereira da Silva,

    Muito obrigado pelos comentários pertinentes. No entanto, tenho uma visão mais otimista, pois a humanidade vem conseguindo superar as suas limitações ao longo de sua história. Acho que poderia ser melhor, mas devemos entender que somos seres humanos, com todos os seus aspectos positivos e negativos.

    Paulo Yokota