Só nas Catástrofes Somos Solidários?
28 de fevereiro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: Chile, Haiti, Okinawa
As catástrofes naturais parecem estar lembrando a humanidade que não é somente na economia que está havendo uma globalização, implicando numa consciência da vida numa aldeia global. Ainda não somos capazes de conseguir um razoável consenso sobre as medidas de preservação do meio ambiente, estabelecendo metas claras.
Os desastres ocorridos no Haiti, em Okinawa e agora no Chile despertam solidariedades somente nos momentos críticos e, ainda que importantes, não ajudaram no estabelecimento de mecanismos permanentes de colaboração internacional.
As importantes iniciativas privadas, como a dos Médicos Sem Fronteira, devem ser imitadas, com ajuda oficial e utilizando recursos públicos e coletivos, estabelecendo mecanismos de controle dos recursos utilizados. A Cruz Vermelha Internacional ou o Crescente, nos países muçulmanos, já possuem protocolos para ações contínuas, até nos momentos de calamidade.
As iniciativas eventuais resultam em picos de solidariedade, difíceis de serem administradas, que só ganham eficácia na medida que sejam permanentes e ocorram com regularidade. Onde os desperdícios sejam mínimos, e não resultem em doações que mais atrapalham que ajudam.
É preciso despertar os jovens, mais propensos a aceitarem desafios impossíveis de serem resolvidos. Eles apreciam os mais difíceis. Ainda que os custos tenham sido elevados em vidas humanas, a humanidade veio superando as calamidades que a assolaram no passado.
Hoje, a consciência da aldeia global do qual fazemos parte é mais forte, pois as comunicações passaram a ser instantâneas e não podemos esperam que os outros façam o necessário, mas participar diretamente, com os meios disponíveis em nossas mãos, pensando grande, com menos egoísmo.
Até os economistas estão descobrindo que o homem que só pensa em maximizar suas vantagens é uma criação acadêmica. Somos seres humanos, movidos pelas nossas emoções que podem ser canalizadas até erroneamente nos comportamentos de manada.
Vamos redescobrir a nossa humanidade, e o homem se realiza somente trabalhando. Os retornos que se conseguem não precisam ser materiais, mas satisfações que decorrem da consciência que contribuímos com o possível para o bem-estar de todos.
Romântico? Não precisamos nos envergonhar por sê-lo. O duro é ser distinguido somente pelo egoísmo.