A Cerâmica na Culinária Oriental
4 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: cerâmicas, Kimi Nii, Shin Koike
Na culinária oriental, sobretudo na japonesa, a cerâmica é fundamental. Pode ser que os apreciadores nem sempre notem, mas a variedade da cerâmica de boa qualidade que é utilizada valoriza os pratos na sua apresentação. E nós comemos também com os olhos.
O suplemento Paladar, do jornal O Estado de S.Paulo, traz uma interessante matéria elaborada pela jornalista Cíntia Bertolino com o título “Caixa de joias para servir comida”, referindo-se a feliz combinação do trabalho da ceramista Kimi Nii e do chef Shin Koike, do Aizomê.
Esta tradição que começa a ser usada intensamente também no Brasil vem desde a antiguidade na China e na Coreia, tendo sofrido uma grande valorização no Japão, desde quando a sua capital era em Kyoto. Começou nas cerimônias de chá e nos ikebanas (arranjo floral), que costumam utilizar cerâmicas de grande valor artístico.
Nos ryoteis, sofisticados restaurantes onde se jantam nos tatamis (esteiras de palhas), na companhia de verdadeiras gueixas (cortesãs de alto preparo artístico e de relacionamento com os clientes), as sequências dos “kaiseki ryori” (refinados jantares com um conjunto de pequenos pratos) costumam utilizar cerâmicas de altíssima qualidade. Evidentemente, os preços são astronômicos, mas um jantar é um evento do mais alto padrão cultural.
O fato concreto é que as boas cerâmicas, como as da Kimi Nii, valorizam qualquer culinária, não só oriental. E o seu valor difere das porcelanas, ainda que finas, que são produzidas em série. O trabalho dos artistas é valorizado, não só pelo “design”, mas por serem artesanais, peças únicas ou múltiplas.
No Oriente, quando se fala que algo é artesanal ganha um valor especial, e os grandes mestres que utilizam as técnicas tradicionais são considerados “tesouros nacionais vivos”, com o Estado adquirindo toda a sua produção, tanto no Japão como na Coreia. Difere muito da América do Sul, onde o artesanato ainda não é tão valorizado, como é no mundo desenvolvido, pois o trabalho dos artesãos é muito reconhecido.
Se isto vem combinado com o trabalho “artesanal” dos chefs de cozinha, “voilà…”