Crescentes Atritos Entre a China e o Resto do Mundo
23 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: atritos internacionais, câmbio, comércio exterior, desenvolvimento tecnológico
A China insiste que necessita de um crescimento econômico mínimo de 8% ao ano a fim de criar os empregos necessários para a sua população, e mantém um câmbio desvalorizado, que melhora as condições para as suas exportações e dificulta as importações.
Isto dentro de um quadro em que o resto do mundo luta para recuperar-se da crise que abalou a maioria das economias industrializadas, emergentes e em desenvolvimento.
As pressões para um novo realinhamento entre as moedas dos principais players internacionais parecem aumentar, criando desconfortos de toda a ordem. É um jogo de força, pois os chineses também são os maiores aplicadores de suas reservas internacionais, sem as quais muitas economias sofreriam mais restrições. E as suas importações são relevantes para manter as esperanças de uma recuperação mais rápida da economia mundial.
A China não está sozinha, vem acompanhada pela Índia e até pelos que ficaram conhecidas como BRIC.
Costuma-se afirmar que, quando o “cobertor é curto”, todos reclamam e ninguém tem razão. Paira ainda a desconfiança que o setor financeiro internacional, responsável pela especulação que campeou pelo mundo, continua com suas rédeas soltas, sem que uma regulamentação razoável tenha sido imposta.
Até que tudo isto se acomode num razoável equilíbrio, ainda vai haver, infelizmente, muitas turbulências. Perdas e ganhos ainda ocorrerão, deixando sequelas difíceis de serem absorvidas.
Mas a evolução da história da humanidade não foi sempre assim? Tantas vezes foram prognosticadas situações calamitosas, umas mais facilmente superadas, outras mais dolorosas. Mas parece haver um razoável consenso que passamos por uma fase de grandes mudanças tecnológicas, que sempre resultaram em melhoria do nível de bem-estar da maioria do mundo.
Sejamos, pois, otimistas. As dores pelas quais passamos parecem com as dos partos. A esperança é que um novo mundo está nascendo…