Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Educação Influenciada Pela Cultura?

14 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: educação, influência da cultura, outras condicionantes

Observando-se o uso da educação formal como mecanismo de ascensão social, existem alguns dados intrigantes que merecem estudos mais aprofundados. Em São Paulo, onde a presença dos imigrantes estrangeiros de todo o mundo e seus descendentes é relativamente elevada, constatam-se alguns fenômenos interessantes.

Deve existir uma correlação relativamente elevada entre os pais e outros familiares que exerceram influências para que seus filhos e descendentes tenham educação superior, mesmo que eles mesmos não os tenham. Sem nenhuma conotação racista.

Há mais de cinco décadas, o número de estudantes universitários entre os descendentes de europeus e alguns outros imigrantes era relativamente elevado. Depois da Segunda Guerra Mundial, notou-se a elevação paulatina de número de aprovados nos vestibulares entre os descendentes de imigrantes japoneses, na Universidade de São Paulo e organizações de prestígio como o ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica. No seu pico, chegou a superar a 20% dos estudantes de todas as origens, ainda que sua participação na população fosse bem mais baixa.

Nos anos recentes, são outros descendentes de imigrantes orientais, como chineses e coreanos, que aumentaram o seu percentual, reduzindo o de japoneses. Ainda que os descendentes orientais cheguem aos 20%, os de japoneses ficaram reduzidos a menos de um dígito. O que estaria provocando este fenômeno?

Mesmo que de forma disseminada, pode-se dizer que entre os asiáticos existe uma forte influência cultural do confucionismo que estimula os seus descendentes ao estudo. Não parece nada formal, mas existe uma forte pressão social para os que podem obtenham um diploma universitário, mesmo com sacrifícios pessoais.

No entanto, este empenho parece mais acentuado quando as famílias fazem parte dos extratos mais modestos de renda da população, e o curso universitário é visto como um mecanismo eficiente de ascensão social. Quando já atingiram situações econômicas e sociais mais confortáveis, as gerações mais novas, sempre com honrosas exceções, parecem empenhar-se menos nos estudos para conquistar a ascensão almejada.

Os imigrantes chineses e coreanos no Brasil são mais recentes que os japoneses, que já completaram um século. Parece evidente que muitos deles lutam mais empenhadamente para ascender economicamente, possuindo uma clara noção que é um fator importante para a sua segurança, mesmo que venham a imigrar novamente para outros países.