Explicando Um Pouco do Brasil – Amazonas (4)
26 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Estado do Amazonas, maior que muitos países europeus juntos, o maior do Brasil | 2 Comentários »
O Estado do Amazonas tem mais de 1.570 mil quilômetros quadrados, quase um quinto do Brasil todo, cerca de um sexto da Europa. Faz fronteiras internacionais com a Venezuela e Colômbia, numa parte montanhosa, e com o Peru, numa planície. Com toda esta dimensão, cortada por muitos grandes rios, nada mais natural que conte com muitas diversidades, talvez as mais ricas do mundo.
Tem duas estações climáticas distintas: a das chuvas, chamada de inverno, não porque faça frio, e outra de estiagem, porque não chove tanto. As dimensões destes rios são de difícil compreensão para os habitantes de outras regiões, pois há trechos que chegam a mais de 100 quilômetros de uma margem a outra, a distância que separa o arquipélago japonês da península coreana.
As localizações de muitos rios são móveis. Nas cheias, as águas chegam a ocupar grandes extensões, e quando alguns afluentes do rio Amazonas voltam ao leito normal, depois de meses, podem estar localizados a dezenas de quilômetros de onde estavam antes. Com isto, não pode se afirmar que uma propriedade vai até tal rio, pois sua localização se altera. Não é possível estabelecer uma direção do limite de uma propriedade a partir do ponto em que um rio deságua em outro, pois pode mudar a cada ano.
Mesmo numa grande cidade como a sua capital, Manaus, o porto precisa ser flutuante, pois o nível das águas varia dezenas de metros, por uma extensão que a vista não alcança. Dimensionar o volume de água que passa por ali exige uma imaginação muito fértil.
Existe um fenômeno conhecido como “friagem”, quando grandes massas de ar descem dos Andes. Cheguei a enfrentar um frio como de São Paulo, pessoalmente, algo inferior a 10 graus centígrados que muitos não acreditam. Algumas chuvas se assemelham a estar debaixo de uma cachoeira.
Todos sabem que os afluentes do Rio Amazonas que vêm do Sul são barrentos, mais piscosos, e os seus vales são mais abundantes em caças, enquanto os do Norte são mais negros. Eles acabam formando o chamado “encontro das águas”, ponto turístico muito apreciado.
Também este Estado é rico em minérios, como a cassiterita e até em petróleo. A Zona Franca, cujos benefícios deveriam ser de toda a Região Amazônica, acabou se concentrando em Manaus, mas ainda é predominantemente montadora. Esta capital ainda guarda marcas de sua época áurea com a economia da borracha, como o monumental teatro, em plena floresta amazônica.
A diversidade ocorre também nas variedades das árvores, onde não há a concentração de uma espécie, como na maioria das florestas do mundo. Na média, o Estado é de terras sedimentares, relativamente pobres, apesar das inundações anuais, não tendo as qualidades como de um Nilo, do Egito.
Gostaria de um comentário sobre a saida de Manaus para a Ásia através do Peru, por estrada.
Caro Carlos Haroldo,
Esta rota é ainda muito difícil. Chegar de Manaus até a fronteira com o Perú já é uma aventura, e depende do período do ano, sendo impossível quando as chuvas são intensas. Da Amazônia peruana, há que se subir os Andes, para chegar até Lima, que não tem ainda um porto onde os navios destinados à Asia sejam frequentes. Vai demorar muito até que estas ligações com o Pacífico se tornem comerciais.
Paulo Yokota