Explicando Um Pouco do Brasil – Rondônia (3)
24 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: assentamentos do INCRA, polo noroeste, Rondônia, terras férteis
Rondônia, este Estado Amazônico era conhecido pela epopeia que foi a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, como consequência do acordo diplomático que incorporou esta região ao Brasil. Para superar as dificuldades de transposição de algumas corredeiras, a ferrovia foi construída até o atual Porto Velho, capital de Rondônia, no rio Madeira, na fronteira com a Bolívia.
O precário conhecimento da malária na época e as condições adversas da floresta Amazônica deixaram a imagem de que a cada dormente daquela ferrovia corresponde a vida de um brasileiro que faleceu para a sua construção.
Os portugueses, não respeitando os limites do Acordo de Tordesilhas com os espanhóis, que ninguém sabia exatamente por onde passava, já tinha avançado a ocupação pelos rios Amazônicos. Tanto que na fronteira com a Bolívia, no rio Madeira, existe um monumental forte de nome Príncipe da Beira, que hoje é uma atração turística, que leva a meditar como os portugueses chegaram até estes confins para assegurar a posse deste território.
O fato concreto é que o Estado de Rondônia conta com uma privilegiada mancha de terra fértil, maior que a da Norte do Paraná, que desperta a cobiça de todos os pioneiros, além dos minérios abundantes. Os índios acabaram sendo prejudicados, como Betty Mindlin narra no seu imperdível “Diários da Floresta”, pelos mais variados motivos.
A região sofreu um forte impulso com a construção da rodovia Cuiabá-Porto Velho, e pelas dezenas de projetos de assentamento do INCRA, que praticamente ocupou o Estado. Houve atrocidades como em todas as regiões pioneiras, e os danos ecológicos foram grandes, pois inicialmente a floresta foi derrubada e transformada em pastos.
Hoje, existem culturas mais permanentes, como o do café, do guaraná e da seringa, com explorações mais empresariais. Todas as cidades ao longo da rodovia foram construídas a partir dos projetos do INCRA, que resultou numa espécie de “espinha de peixe”, com linhas que saiam de um eixo principal.
Hoje, pode-se afirmar que a experiência deixou lições que as atividades longes dos mercados exigem explorações de grandes dimensões, e pequenas propriedades requerem atividades produtoras de alto valor comercial, que nem sempre são providenciadas antecipadamente. Com o tempo, a qualidade de suas terras vai permitindo atividades rentáveis, que vão sendo descobertos pelos pioneiros, mas os custos do desenvolvimento foram elevados.