Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Sutis dos Norte-Americanos

15 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: mudanças, parcerias, proximidade, velocidade

Verificando-se o New York Times, fica-se com a impressão que mudanças sutis começam a ocorrer nos Estados Unidos, depois da crise financeira que abalou o mundo, e todos ficaram impressionados como os asiáticos, notadamente os chineses e coreanos, superaram as dificuldades.

Os Estados Unidos sempre dependeram, em larga medida, do “quintal” americano, onde a sua influência era dominante, com mínimos espaços para outros países do resto do mundo. Mas, deslumbrados pelos baixos custos de uma mão de obra eficiente e barata como a chinesa, passaram a utilizá-la para atender as necessidades do seu mercado interno, como o ramo de confecções. Hoje, importam tudo quanto é “quinquilharia”, eliminando seus empregos.

Os que poderiam oferecer custos baixos, mas adaptados aos costumes americanos – como os mexicanos e outros latinos, ficaram esquecidos. Com um mínimo de treinamento, poderiam ser aproveitados, ao mesmo tempo em que evitariam as pressões imigratórias nada desprezíveis.

Quando necessitavam de atividades com maior grau de tecnologia, poderiam contar com os canadenses e algumas empresas latino-americanas que estavam capacitadas para tanto. No entanto, com a pretensão de serem os policiais do mundo, despenderam expressivos volumes de recursos em “buracos sem fundo”, como o Iraque, Afeganistão e outros confins, continuando com o Irã. E deixaram que concorrentes asiáticos avançassem mesmo nas tecnologias avançadas, como na Coreia.

Parece que começam a ter uma consciência que suas pressões já não surtem o efeito desejado, como o caso do yuan, ou conseguirem partilhar os custos como do Afeganistão, até porque o mundo atribui a responsabilidade da recente crise à irresponsabilidade norte-americana com seus déficits e descontroles das suas instituições financeiras.

Precisam voltar os seus olhos para os vizinhos latino-americanos, mesmo com todos os problemas que terão que enfrentar. Não podem aumentar os custos das “tortilhas” mexicanas, voltando a sua produção de milho para o etanol, abruptamente. Muita mão de obra regional pode ser utilizada, a custos baixos, para atender as demandas usuais dos consumidores norte-americanos.

Parece que chega a hora de deixar de contar com a Coca-Cola ou o Mc Donald, que só prejudicaram a saúde de todos. Chega de impor medicamentos químicos duvidosos produzidos pelos seus laboratórios. Sem um pouco mais de consideração com os seus vizinhos, não basta se revoltar contra os líderes populares que adotam posições antiamericanas. Esta época já passou.

Os Estados Unidos ainda são fontes importantes de geração de novas tecnologias, e os esforços que continuam fazendo nas pesquisas acabarão resultando em novos avanços, mas precisam ser partilhados com parceiros preferenciais, até por que são seus vizinhos. Mas sem imposições, e sim num diálogo de igual para igual.