Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Notícia da Folha Sobre o Trem-Bala

19 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Trem Rápido | Tags: asiáticos, consórcios, mudanças, trem bala

A reportagem publicada pelo jornalista Humberto Medina, “Asiáticos acirram disputa por trem-bala”, na Folha de S.Paulo de hoje, é imperdível para todos que procuram acompanhar este momentoso assunto.

Traz informações preciosas sobre as negociações que estão sendo efetuadas, indicando que esta disputa deverá ser muito acirrada, principalmente depois que as condições mundiais se alteraram com a recente crise.

Deve-se lembrar que os consórcios coreanos ganharam, recentemente, importantes concorrências internacionais, ainda que não seja no setor ferroviário. O grupo citado como participante do consórcio dos coreanos (Samsung e Hyundai – fortes no setor elétrico pesado e material rodante) não tem uma longa experiência no setor, mas eles não podem ser desprezados. Costumam apresentar custos competitivos.

O consórcio japonês (Mitsui, Toshiba, Hitachi, Mitsubishi e Japan Railway) vem trabalhando há muito tempo e se estiver associado com a construtora brasileira citada acumula a mais longa experiência existente no setor. Os seus custos costumam ser elevados, mas há indicações de uma nova atitude governamental do Japão, além da possibilidade de partes serem construídas onde os custos são mais atrativos. É uma importante mudança que vem ocorrendo no mundo depois da recente crise.

O consórcio chinês, se conseguir a associação com a construtora brasileira cogitada, acabará atendendo as duas condições que informam serem mais relevantes para o julgamento da concorrência: menos financiamento local (diz-se informalmente que os chineses dispensam totalmente, além de adicionarem linhas de crédito para o BNDES) e tarifas básicas baixas.

É interessante que os consórcios europeus são pouco citados na reportagem, ainda que no início da cogitação deste projeto brasileiro eram os mais considerados.

Temos registrado que existem formas de operação de todo o sistema que podem baixar os custos do projeto, que são relevantes ao longo do tempo. Havendo um bom projeto, financiamentos internacionais para ele não devem ser uma limitação.

Sobre as tecnologias ferroviárias, tudo indica que os japoneses possuem as mais adequadas para as condições brasileiras. A transferência de tecnologia não deve ser problema, pois os japoneses estão procurando onde podem construir a custos mais vantajosos.

Todos sabem que os custos mais relevantes acabam sendo de engenharia e construção pesada, envolvendo túneis e obras de arte, onde as empresas brasileiras experientes podem contribuir decisivamente. A coordenação de todo um conjunto complexo de atividades como estes trens rápidos exige uma capacidade operacional que dependerá de um amplo conhecimento de todas as condicionantes brasileiras.