Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Cotidiano é Feito de Pequenas Coisas

14 de março de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: cotidiano, pequenas coisas, sem grandes lances

Verificando o noticiário internacional depois de passadas as manifestações de esperanças para o ano novo, constata-se que a maioria dos países vai caindo na rotina, procurando atender as necessidades do cotidiano dos seus povos. Não existem grandes lances que vão revolucionar, como num passe de mágica, as coisas no mundo, mas uma grande massa de pequenas providências, algumas com visão de prazo mais longo.

Os diversos países continuam exauridos após os esforços para evitar uma grande depressão depois dos problemas criados pelos descontroles financeiros em todo o mundo, a partir dos Estados Unidos. As políticas antirrecessivas endividaram a maioria das economias, e é difícil imaginar-se grandes projetos para superar este quadro, dentro de uma cooperação internacional.

Todos os países defendem primeiro as medidas que possam minorar os problemas cotidianos de suas populações. Muitos atribuem as responsabilidades dos desequilíbrios que continuam ocorrendo no mundo à extrema desvalorização da moeda chinesa, e as autoridades daquele país insistem que continuarão dando prioridade à criação de emprego para seus trabalhadores, e somente pequenas alterações serão efetuadas, se correrem o risco de enfrentar uma inflação.

É difícil os norte-americanos admitirem que gastaram muito mais que produziram, endividando-se como pessoas físicas e como país, e que agora precisam pagar a conta. E que muitos países se beneficiaram da bolha criada por este excesso de consumo.

Os europeus, também, sonharam com uma Comunidade Européia onde os países pobres poderiam, com um passe de mágica, chegar ao nível de social democracia dos países mais industrializados. Com o euro generalizado, com câmbios duvidosos, a realidade acabou sendo mais dura que a imaginada.

O mundo emergente se sente no direito de participar dos benefícios da globalização, e se esforçam educando, pesquisando, trabalhando duro para conquistar os seus espaços, mas as barreiras continuarão a existir. Os seres humanos são assim mesmo, primeiro o seu e, se possível, depois os outros. E isto é do cotidiano.

Quaisquer que sejam as dificuldades, o mundo continuará evoluindo, pois as pesquisas que estão sendo efetuadas para superar as atuais limitações não são desprezíveis. E os orientais, com sua paciência reconhecida, vão tomando medidas para assegurar a sua evolução futura, com coreanos efetuando acordos que permitam ingressar também nos projetos do pré-sal.

Se os latino-americanos não acordarem, tendo uma visão estratégica de prazo mais longo, concentrando-se somente nas querelas do cotidiano, podem ser surpreendidos com o aumento da distância do seu nível de bem-estar, com países que continuam considerando mais incorretamente mais pobres, como os asiáticos.

O acúmulo de milhões de pequenas providências acabam resultando em diferenciais que, somados, representam muito.