Acirrada Competição Internacional
30 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: Belo Monte, competição entre fornecedores, trem rápido
Se existe uma vantagem na acirrada concorrência que se processa no mundo globalizado é que ela ajuda a baixar os custos, melhorar a qualidade e os financiamentos. Como noticia hoje a jornalista Josette Goulart, do Valor Econômico, além dos fornecedores tradicionais de equipamentos pesados, outros novos entraram no mercado, com o firme suporte das autoridades dos seus países de origem. Alguns deixaram de ser competitivos, como eram no passado, e precisam de arranjos criativos para voltar ao mercado.
Não se trata somente de Belo Monte, mas dos grandes projetos brasileiros. Como o trem rápido, pré-sal, reaparelhamento dos portos, melhoria da malha rodoviária, saneamento, energias alternativas etc. A maioria dos potenciais fornecedores está necessitando garantir encomendas para os seus arrojados programas de expansão. E pressionam as autoridades dos seus países para proporcionarem condições para melhorar suas competitividades.
O Brasil está em condições de aumentar as suas exigências, principalmente porque deseja absorver tecnologias que possam ser utilizadas em outros seus projetos ou fornecer para terceiros. Poucos países contam com a dimensão de demanda como o Brasil, que constitui uma base importante para ser um fornecedor internacional.
Para tanto, seria interessante contar com uma espécie de Plano Diretor e a campanha eleitoral é uma oportunidade para que o assunto seja discutido, a saciedade, com toda a sociedade. Não pode ser somente a opção de um eventual governo, mas uma programação que se prolongaria por décadas. Será que não temos mais a capacidade de discutir algo como um Plano de Metas?
O Brasil já contou no passado com uma indústria pesada de importância, quando executava um grande número de projetos de infraestrutura. É natural que suas empresas estejam aparelhadas com uma engenharia de ponta quando está executando muitos projetos. Afetado pelas crises petrolíferas e financeiras, perdeu algumas décadas quando seus investimentos foram pequenos.
Quando construía Itaipu, depois de uma série de grandes barragens, contava com uma construção civil admirada pelo mundo, e muitos dos seus equipamentos pesados eram parcialmente construídos no Brasil. Já contou com uma construção naval que chegou a lançar a maior tonelagem anual de navios no mundo. Hoje, encomenda navios e plataformas marítimas de antigos concorrentes, quando as demandas brasileiras voltam a patamares que atraem todos os fornecedores relevantes do mundo.
Para que os erros passados não sejam repetidos, parece da maior conveniência que estes assuntos sejam discutidos com a profundidade requerida, ajudando a estabelecer algumas diretrizes, que evitem decisões casuísticas. Será que é pedir muito?
Precisamos ter um pouco mais de confiança na capacidade brasileira, superando a fase do samba de uma nota só: elevar os juros, elevar os juros.