Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Cerâmica Asiática

7 de abril de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: cerâmica de alta temperatura, estilos, origem

Se existe algo que marca muito a cultura asiática como um todo, com particularidades pelos diversos países, principalmente do Extremo Oriente, é a cerâmica de alta temperatura, conhecida em inglês como “stoneware”. Como na maioria dos museus franceses, existe no de Sèvres, importante centro de produção de uma das mais importantes porcelanas mundiais, um ilustrativo quadro comparativo.

Logo na entrada do museu, o quadro mostra em que época se produziam os vários tipos de cerâmica em cada parte do mundo. Quando na Europa ainda se produzia uma cerâmica de baixa temperatura, como as atuais dos indígenas sul-americanos, os chineses já produziam a porcelana como atualmente conhecida. Na Ásia, a cerâmica teve origem na China, e depois foi transmitida para outros países.

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A cerâmica de alta temperatura japonesa, conhecida como “toki”, foi para o arquipélago ensinado pelos coreanos, começando no Sul do país. Foi ganhando características próprias nas várias regiões que possuem estilos particulares, até chegar aos contemporâneos que possuem um “design” muito apreciado internacionalmente.

Entre os objetos encontrados nas escavações arqueológicas destacam-se as cerâmicas que possuem elevada capacidade de preservação ao longo de milênios.

Por convite do JICA – Japan International Cooperation Agency, alguns brasileiros foram convidados a conhecer alguns destes centros mais importantes. Existem os chamados “noborigama”, ou fornos com diversas câmaras que vão se elevando, transmitindo o calor das lenhas queimadas por dias, sucessivamente, até os mais altos.

Alguns destes fornos e “ateliers” existem há mais de 15 gerações, passando dos pais para os filhos. Muitos dos visitados eram considerados “Tesouros Nacionais Vivos” por preservarem as técnicas desenvolvidas no passado, e todas as suas produções são adquiridas pelo governo, para serem exibidos nos museus. Algo parecido também ocorre na Coreia.

Em “ateliers” japoneses costuma haver uma cerimônia do xintoísmo antes do início da queima. Os artistas oram, afirmando terem feito o melhor que puderam, e agora entregam aos deuses que, na ação do fogo sobre as peças elaboradas, vão proporcionar os resultados finais. Muitos que não passam pelo controle de qualidade dos artistas são quebrados, ainda sejam valiosos sob o ponto de vista dos leigos.

A importância cultural destas cerâmicas é destacada por suas peças serem utilizadas nas cerimônias do chá como na elaboração de muitos “ikebanas”, ou arranjos florais. Por serem artesanais e peças únicas, o valor atribuído é bastante elevado, ao contrário do que ocorre na América do Sul, onde a mão de obra dos artesãos ainda não é adequadamente valorizada.

Nos mais famosos restaurantes asiáticos, a maioria dos pratos finos é servida nestas cerâmicas, havendo algumas múltiplas, com “design” da mais alta qualidade.