Serra Pelada e Arredores
7 de maio de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: Carajás, projetos na Amazônia, Serra Pelada | 2 Comentários »
No suplemento Eu & Fim de Semana do jornal Valor Econômico, a jornalista Daniela Chiaretti publicou o artigo “Nos confins do tudo ou nada”, relatando uma recente visita a Serra Pelada, atual Curiópolis, no Estado do Pará. Além da descrição cuidadosa do que se encontra atualmente por lá, o jornal informa que um filme inspirado no cenário será elaborado proximamente, pelo diretor Heitor Dhalia.
Para quem acompanhou de perto parte dos acontecimentos narrados pelos sobreviventes, inclusive conheceu personagens como Sebastião Curió, a descrição merece a veracidade merecida. Ainda que estes episódios sempre tenham interpretações que tendem a superestimar o acontecido, que não é o caso. Qualquer superlativo de Serra Pelada é plenamente justificável.
Foto: Renata Falzoni
Não há dúvida que o que aconteceu em Serra Pelada foi algo impressionante de todos os pontos de vista. Mas todas as histórias de garimpos na Amazônia apresentam semelhanças, mesmo que não atinjam as dimensões deste caso. No meio do nada, quando corre a notícia da descoberta de ouro ou outros minérios, brotam multidões garimpeiros, num movimento incontrolável. A cobiça humana leva a comportamentos pouco racionais.
A Companhia Vale do Rio Doce, hoje simplesmente Vale, e as autoridades não tinham alternativas, e esta figura controvertida de Sebastião Curió organizou como pôde o que lá aconteceu. Comparando com outras barbaridades de outros garimpos, pode-se afirmar que se fez o que foi possível. Era simplesmente o “faroeste”, antes da chegada do xerife. As fotos de Sebastião Salgado e outros fotógrafos da imprensa registraram parte desta epopeia humana.
Muitas foram as tentativas frustradas de organização empresarial da rica mineração de ouro e outros minérios, como a própria cooperativa atual dos garimpeiros tenta com o apoio dos canadenses, como relatado na matéria. Não fôra este espírito quase irracional de aventura, o Brasil teria suas fronteiras internacionais onde foram estabelecidos os limites não identificáveis na época, do Tratado de Tordesilhas.
Os dramas humanos por que passaram os pioneiros, com poucos que enriqueceram, são sempre difíceis de serem avaliados. Era a tentativa de controlar o império da força, o que se conseguiu em parte, mesmo que tenha ultrapassado, eventualmente, alguns limites legais. Regras novas foram estabelecidas, pragmaticamente.
Mesmo sem querer justificar a violência, se medidas de força não fossem utilizadas pelas autoridades, interesses nacionais como o de Carajás, por exemplo, continuaria sendo uma concessão da United States Steel.
Há que se tomar medidas adicionais de cuidado, para que o uso descontrolado do mercúrio nos garimpos, por exemplo, não continue contaminando parcelas importantes da Amazônia.
Sr. Paulo Yokota, está estampado claramento no artigo reproduzido que faltou muito conhecimento de causa em sua confecção.
Por favor, tenha um pouco de paciência e leia tudo o que está no seguinte endereço: http://picasaweb.google.com/eliezerluiz. Tenho certeza que depois da leitura o senhor irá discordar em muito do que foi escrito pela jornalista Daniela Chiaretti .
Caro Marco A.Felix,
Obrigado pelo comentário. Não entendí muito bem qual o seu envolvimento com o assunto.
No meu caso, na ocasião eu era o presidente do INCRA, e estive muito envolvido com assuntos relacionados com a Amazônia, bem como muitos projeetos nesta região. O exame dos documentos sitados no site indicado demandam muita pesquisa, para a qual, infelizmente, não disponho de tempo e conhecimento.
Democraticamente, estou registrando suas observações, mas acho que V poderia fazê-lo diretamente para o jornal.
Paulo Yokota