Ciência e Tecnologia no Brasil
29 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: estratégia para o desenvolvimento, impulso, Valor Econômico
Todos sabem que os avanços tecnológicos são fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Até recentemente, no Brasil, um dos estrangulamentos principais estava neste setor, pela sua abertura para o exterior, mantendo-se como absorvedora de tecnologia desenvolvida em outros países, nem sempre adequadamente adaptada para as condições locais, apesar do esforço no preparo de uma mão de obra qualificada.
Muitos dos estudantes brasileiros de pós-graduação faziam seus estudos no exterior e os melhores eram aproveitados pelas instituições e empresas estrangeiras. Poucos voltavam para o Brasil, como continua ocorrendo em alguns setores, pela falta de oportunidades condizentes no país onde nasceram. Aos poucos, está havendo uma mudança neste quadro, e levantamentos efetuados na Inglaterra, por exemplo, já mostram que em alguns setores do conhecimento científico, brasileiros figuram entre os que publicam artigos sobre pesquisas nas credenciadas revistas científicas internacional, notadamente no campo do agrobusiness, da medicina e vida, como do meio ambiente.
O Valor Econômico publica hoje o suplemento especial Tecnologia & Inovação que merece a atenção de todos que se preocupam com estes aspectos, tanto profissionais como empresas, nacionais e estrangeiras, com resumos em inglês.
O Brasil já conta com um sistema, envolvendo o setor privado e público, dando suporte para uma integração entre universidades, instituições científicas com o setor privado, para transformar em tecnologia parte do conhecimento científico. Existe muito que fazer ainda, mas o país já começa a colher alguns resultados. O setor agropecuário brasileiro competitivo no mundo, em que pese todos os percalços que se encontra com impostos, juros e deficiências de infraestrutura, com tudo que se consegue resumir no chamado “custo Brasil”. O mais notável exemplo é o que ocorre com o etanol, onde a produtividade brasileira vem crescendo mais de 3% ao ano por muitas décadas. Algo semelhante vem ocorrendo com a soja e outros produtos agrícolas, que hoje se cultiva em todas as regiões, até as que eram consideradas desfavoráveis.
Muitos estrangeiros se perguntam como a Embraer consegue produzir aeronaves quando empresas de países desenvolvidos não são competitivas. Entre outros aspectos, é preciso considerar que o Brasil criou o ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica para ajudar a formar recursos humanos de alta qualificação, ao mesmo tempo em que pesquisas eram efetuadas. Hoje, a região de São José dos Campos destaca-se com concentração de atividades de alta tecnologia.
Algo semelhante acontece na região de Campinas, depois da criação da UNICAMP – Universidade de Campinas. É preciso que o setor privado esteja informado que só com a sua integração com as universidades e centros de pesquisa continuará com o apoio indispensável para estes resultados, como já veio fazendo com a Universidade de São Paulo e o IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Estas atividades estão se estendendo para setores de ciências sociais, como é o caso do Fipecafi – Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras que está recebendo os melhores elogios no exterior pelas suas contribuições internacionais no desenvolvimento de uma auditoria confiável, que falhou nos Estados Unidos e na Europa.