Flexibilidade do Yuan em Andamento
20 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: consequências., flexibilização cambial, preços básicos na economia
A imprensa em todo o mundo apresenta a manchete que a China dá os primeiros indícios concretos que está se preparando a atender a demanda externa para o reajustamento do seu câmbio, para permitir um melhor equilíbrio na economia mundial. Com o Yuan atual, muito desvalorizado pela interferência das autoridades chinesas, suas exportações ficam altamente competitivas, enquanto suas importações são dificultadas, gerando um superávit comercial que prejudica o resto do mundo. No fundo, o Yuan estava vinculado ao dólar norte-americano que está se desvalorizando, pois o mundo procura segurança aplicando nos Estados Unidos, ainda que sua economia esteja com dificuldades, pois todos acham que um calote daquele país é improvável.
Quando as autoridades chinesas estabelecem faixas mais amplas em que o seu câmbio poderá flutuar, tudo indica que haverá maior tendência para a sua valorização, pois muitas empresas estrangeiras continuam a ampliar seus investimentos naquele país, como vem acontecendo no Brasil.
Este é um assunto extremamente técnico, pois quando câmbio é valorizado, como se espera que aconteça na China, provoca-se a mudança de outro preço fundamental, que são os salários reais. Dificultando um pouco suas exportações e facilitando as importações, acontece um fenômeno da melhoria do poder de compra dos assalariados chineses, pois os produtos exportados pelos chineses tendem a ficar no mercado interno, baixando os seus preços, mas o inverso acontece com os produtos importados.
Os que pensarem que as autoridades chinesas estão tomando estas medidas pelas pressões externas podem estar enganados. Elas já afirmaram que fazem somente o que interessa para os chineses, e tudo indica que existem pressões inflacionárias na China, bem como outros problemas. No fundo, parece do interesse daquele país utilizar mais a expansão do seu mercado interno, dependendo menos de um mundo que continua conturbado.
Num país e numa economia gigantesca como a chinesa nada será feita de forma drástica, mas dentro de um ritmo próprio. Portanto, ainda que a notícia seja alvissareira, deve-se evitar a euforia com a iniciativa. Tudo que os chineses estão considerando são seus interesses no mundo, tanto com as suas reservas externas, que continuam muito concentrados nos dólares norte-americanos, como com os investimentos que efetuam no exterior para assegurar seu abastecimento de matérias-primas de que necessitam.