Nem Tudo é Maravilha na China e na Índia
23 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: dificuldades normais no exterior, empreendimentos na China e na Índia
Trocando idéias com alguns empresários internacionais experientes em empreendimentos em diversos países, eles registravam as dificuldades que estão encontrando com seus projetos na China e na Índia, ainda que o mundo entenda que eles estão se desenvolvendo rapidamente. Trabalhar em qualquer país estrangeiro é sempre uma dificuldade, tanto pelas culturas empresariais, relacionamento com recursos humanos como com as autoridades locais, num ambiente diverso do que estamos acostumados.
Ainda que a língua utilizada, na maioria das vezes, seja o inglês, existem coisas que exigem a compreensão adequada de como os interlocutores estão entendendo o verdadeiro conteúdo do que está se expressando. Se existem dificuldades de comunicação entre seres humanos que utilizam o mesmo idioma, mais ainda quando são diferentes, colocados em contextos diferentes.
Esta experiência internacional que está se acumulando deve servir de lição para o Brasil, que continua atraindo as atenções de muitos investidores estrangeiros. Na média, consideram que as dificuldades brasileiras, ainda que apreciáveis, sejam menores que as chinesas ou hindus. Mas não se pode generalizar, por exemplo, as facilidades que eles encontram em São Paulo, que é uma metrópole cosmopolita, com a presença de muitos estrangeiros e descendentes de imigrantes.
As facilidades de comunicação e logística não são uniformes em todo o país, havendo uma forte concentração econômica no maior centro urbano do país, chegando a criar as chamadas “deseconomias de escala”, em economês.
Temos que entender que o Brasil sempre foi um país voltado para o exterior, contando com uma história não muito longa. Enquanto países como a China e a Índia tiveram longos períodos de isolamento, até porque os mercados internos destes países eram enormes e atrativos, tendo culturas próprias consolidadas por milênios de história.
Se tudo isto ajuda os estrangeiros a se sentirem em casa no Brasil, lamentavelmente o inverso apresenta dificuldades. Quando os brasileiros precisam atuar no exterior, com projetos ou subsidiárias de empresas nacionais, encontram maiores dificuldades, pois suas experiências são somente comerciais, e poucas com serviços ou atividades industriais em terras estranhas.
No mundo globalizado, precisamos aprender uns com os outros, em ambas as mãos, pois o intercâmbio comercial e econômico sempre é um caminho de duas vias.