Novo Primeiro-Ministro do Japão

4 de junho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: combate à burocracia, mudança do governo, Naoto Kan, redução do déficit | 2 Comentários »

Após a queda do último governo japonês, foi eleito o presidente do DPJ – Partido Democrata do Japão, que se torna automaticamente primeiro-ministro, o ex-vice-primeiro-ministro Naoto Kan, com a esperança de algumas orientações novas, que devem ser limitadas.

Naoto Kan difere um pouco dos tradicionais líderes que vêm se destacando, pois não é de uma família tradicional de políticos que passam de gerações para gerações, e é formado em tecnologia. Mas tentará uma coalizão com novos pequenos partidos que se formaram, além de manter a que já vinha sustentando com o SDP – Partido Social Democrata. Ele foi sempre combatente do poder da burocracia pública japonesa, e seu maior desafio será a redução do déficit público, que é o mais elevado do mundo, chegando a 200% do PIB japonês. Portanto, bem superior aos dos países europeus em crise como a Grécia.

O que diferencia o Japão dos demais países é que os juros lá são baixíssimos, resultando no pequeno custo da dívida pública. Mas o novo governo, que já enfrenta brevemente uma eleição para a sua Câmara Alta, não poderá continuar com elevados déficits, como vinha fazendo o anterior, com a desculpa de uma política antirrecessiva.

O problema da presença de bases militares norte-americanas, sempre difíceis, será um desafio para uma solução mais aceitável para os eleitores japoneses. Na realidade, sem uma liderança forte, capaz de tirar o Japão do atual marasmo, não será fácil contar com um governo estável.

As esperanças é Naoto Kan, pelo que ele veio executando no Ministério de Finanças, seja mais determinado quando comparado com o seu antecessor, tendo uma política menos titubeante, conciliando mais habilmente as dificuldades que o Japão enfrenta.

Até agora não expressou nenhum programa mais claro, a não ser a sua aversão à burocracia pública, que continua sendo o sustentáculo dos diversos governos, ainda que os discursos sejam contrários. No sistema parlamentar japonês, os ministros que são políticos dependem dos conhecimentos dos funcionários públicos, que dão continuidade ao que vinham fazendo, sem alterações bruscas.

Poucos foram os políticos japoneses que conquistaram um prestígio suficiente para comandarem, de fato, a máquina pública, onde as carreiras de uma elite eram importantes, mas que nas últimas décadas vêm sendo desprestigiadas. Por mais que se deseje uma gestão profícua ao novo primeiro-ministro, as esperanças devem ser moderadas, por ora. Mas seria interessante uma surpresa, como a de Junichiro Koizumi, mas ele tinha uma forte tradição familiar, com uma sólida formação no exterior.