China Admite o Impacto da Crise Internacional
4 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: austeridade, decrescimento no crescimento, efeitos de longo prazo
Com uma surpreendente franqueza, o premiê chinês Wen Jinbao admitiu neste domingo, num pronunciamento feito na cidade de Chungsha, capital da Província Central de Hunan, que o impacto da crise mundial está afetando mais o seu país que o esperado pelos analistas. Ainda que o crescimento chinês, comparado com outros países emergentes continue elevado atualmente, acima de 10% ao ano, ele admitiu que as medidas de contenção devessem reduzir no futuro esta performance. Poderão apresentar resultados abaixo do esperado ainda neste e no próximo ano, portanto abaixo de 10%.
Muitos sentidos podem ser dados a este tipo de pronunciamento. Uma demonstração de responsabilidade na condução da política econômica, exigindo maiores esforços dos chineses, principalmente na redução da pressão inflacionária. Uma resistência à maior valorização do seu câmbio, diante das pressões que vem sofrendo do exterior. Um preparo dos chineses por um ritmo menor de investimentos públicos em infraestrutura, para melhoria do interior do país.
Este tipo de pronunciamento não era muito comum na China, que não considerava muito a sua opinião pública interna. Admite que o governo não pode tudo, e depende do que está acontecendo no resto do mundo.
Isto não pode ser considerado nada alarmante, pois o crescimento chinês continuará elevado. Mas suas importações de alimentos deverá se elevar, pela adversidade das condições climáticas que estão afetando importantes regiões produtoras. Pode significar, também, que as recentes manifestações pelas melhorias das condições de trabalho, com greves que assustam alguns investidores estrangeiros, devem ser evitadas.
O baixo nível de recuperação da economia norte-americana, os resultados preocupantes na Europa com recomendação de maior austeridade diante do endividamento público, bem como restrições no Japão, afetam os principais parceiros internacionais da China, como o resto do mundo emergente.
O exemplo chinês deveria ser seguido por outros países emergentes, admitindo que, mesmo com um quadro razoável, vai haver um desaquecimento, exigindo políticas mais austeras, e os reajustes de preços das principais matérias-primas como petróleo e minérios serão difíceis de serem absorvidos.
Nada alarmante, mas um pouco de cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém.