Culinária Japonesa e Modernização
14 de julho de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: em toda a cultura japonesa, mudanças respeitando as raízes | 2 Comentários »
Voltando a Tóquio depois de pouco mais de dois anos, impossível não notar as mudanças que ocorrem, preservando o fundamental. Na arquitetura, por exemplo, um dos orgulhos do trabalho do arquiteto Kenzo Tange, um dos mais conhecidos japoneses no exterior, o prédio do Akasaka Prince Hotel, concluído em 1982, e onde morei por um tempo, já vai ser derrubado para a construção de um novo complexo. A estação de Tóquio, que resistiu à Segunda Guerra Mundial, está sendo demolida, mantendo-se o mínimo.
No velho bairro de Akasaka, voltei ao meu preferido restaurante, pequeno, Tamaki, cuja proprietária é uma verdadeira gueisha, filha de geisha, criada em São Paulo, amiga de minha família toda. Os que se lembram um pouco da história da culinária japonesa no Brasil se recordam do antigo restaurante Akasaka na Rua Treze de Maio, em São Paulo, ou em Copacabana, ou do primeiro Steak House na Basílio da Gama. Sou recebido não como um cliente, mas como amigo da proprietária, do chef de décadas, das antigas atendentes, que continuam bonitas com seus elegantes quimonos, num ambiente sóbrio, quase zen. E olhe que nem tive tempo da fazer a reserva antecipada, mas quando a concierge do hotel deu o meu nome, a atendente logo lembrou: “o velho amigo da okamisama, tem um lugar para ele imediatamente”.
Novidades na culinária? Coisa de fazer inveja aos críticos mais apurados, como o Arnaldo Lourençato. Enguia grelhada sem aquele molho como o do teriyaki, uma alga sem sal para ser degustada com arroz, um soba tradicional como da região de Kanto, ao denti, pedaços de polvo com finas fatias de pepino, tudo para sentir o melhor do sabor das matérias-primas utilizadas.
Tudo no meio do burburinho do bairro de Akasaka (onde está a subida vermelha?), entre muitos patinkos, jovens convidando para verem os bares, moças de minissaias, estrangeiros admirando o movimento, lojas de souvenires e todo o mundo que faz as alegrias das grandes metrópoles.
Dizem que estão em crise, que em ideograma chinês significa mudanças.
Que triste saber que o hotel de Tange vai ser derrubado! Também me hospedei lá por alguns dias, há alguns anos… Ainda bem que preservam lugares como esse restaurante mencionado acima.
Espero que a sua viagem tenha sido maravilhosa!
Cara Michiko Okano,
Tambem lamento, mas são coisas deles.
Continuo viajando, passei pela Coreia e estou em Shanghai. Fui a um restaurante de "Shojin Ryori coreano" expecional.
Paulo Yokota