Imprensa Brasileira Falando Sobre Investimentos Chineses
30 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: assegurando matérias-primas, aumento dos investimentos chineses no Brasil, depois da crise, preços convidativos
O suplemento Economia & Negócios – Especial China do jornal O Estado de S.Paulo de hoje é uma demonstração de que os investimentos chineses no Brasil merecem atenção especial. Há uma consciência de que a China adotou uma política de diversificar as reservas chinesas que estavam concentradas nos títulos públicos norte-americanos. A desvalorização do dólar norte-americano e das moedas que estão vinculadas a ele está recomendando aplicações em euro e em yen, o que já vem sendo feito, mas os chineses também procuram assegurar o seu abastecimento de matérias-primas das quais necessitam, e procuram ter acesso a tecnologias como canais de colocação de seus produtos no exterior.
Há alguma certa admissão que o yuan acabará sendo flexibilizado, ainda de forma modesta, e os custos da mão-de-obra na China provocarão mudanças na localização das atividades industriais mundo afora, principalmente para o sudeste asiático e nas regiões que apresentam elevados contingentes populacionais.
Evidentemente, o Brasil como muitos países industrializados ou emergentes apresentam situações onde estes investimentos chineses exigem cuidados especiais. No futuro, acabarão sendo concorrentes, e a exportação pura e simples de matérias-primas não são interessantes. Os produtos terão que ser exportados para a China agregando valores, ampliando o emprego local.
Todos estão informados da agressividade chinesa com relação à África, tanto com suas reservas minerais como solos cultiváveis, que mesmo lá criam algumas reações. No caso brasileiro, os cuidados devem ser maiores, pois a complexidade da economia brasileira, inclusive no seu setor industrial, faz com que em alguns setores os chineses sejam concorrentes.
É bem verdade que o intercâmbio comercial, como investimentos e financiamentos, é feito em setores desenvolvidos de muitos países, com algumas especializações ou troca de produtos semi-industrializados, como tem se observado em todo o mundo. O comércio intraempresas chega a constituir-se na metade do movimento mundial, havendo também muitos casos de “joint-ventures” de grupos empresariais de diversos países.
O mundo globalizado acabou impondo novas realidades, mas, sempre quando se trata de uma potência como a China que tem fome de produtos indispensáveis para a continuidade do seu processo de desenvolvimento, cautelas adicionais acabam sendo tomadas.
Não se pode negar que China, por ter abusado do seu poder econômico e da dimensão do seu atrativo mercado interno, acaba gerando certa desconfiança sobre a sua hegemonia, que deixaria seus parceiros numa situação embaraçosa.
De qualquer forma são assuntos que passam a ser discutidos com maior amplitude.