Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Mudanças Cautelosas na Política Econômica Chinesa

19 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: diversificação das reservas externas, estímulo às importações, interiorização do desenvolvimento, maior ênfase no mercado interno

Examinando as notícias provenientes da imprensa internacional, mas principalmente do principal jornal chinês, China Daily, pode-se constatar que as autoridades daquele país promovem cautelosas mudanças na sua política econômica, que devem proporcionar resultados a médio e longo prazo nas demais economias relevantes no mundo. A China é hoje o principal investidor em títulos do Tesouro Norte-Americano e vagarosamente promove a sua redução, quer aplicando em títulos de outros países, quer aumentado seu investimento em ativos que possam transferir tecnologias para o seu país ou ampliar os seus acessos nos mercados externos.

Por outro lado, admitindo que as economias de seus parceiros comerciais não apresentam a vitalidade desejada, estimulam o desenvolvimento do seu mercado interno. Para tanto, estão promovendo as importações, tentando reduzir o seu superávit comercial, ainda que cautelosamente, anunciando que esta política deve ser mantida no mínimo até o final do ano.

Trabalhadores de uma fábrica de vestuários em Huaibei

Muitos analistas chineses admitem que esta política proporcionará resultados a médio prazo, provocando uma redução do seu superávit, mas não o eliminando. Estão induzindo, também, a interiorização do desenvolvimento que estava concentrado nas empresas estrangeiras localizadas mais próximas do litoral, onde movimentos pela melhoria dos salários já começam a serem registrados, mesmo com a intensa migração interna.

Para tanto, volumosos investimentos continuam sendo feitos no interior, quer seja de infraestrutura como em todas as atividades que procuram melhorar o nível de vida nas regiões mais interioranas, inclusive pesquisas e educação. Até as atividades rurais estão sendo incentivadas, de forma que o abastecimento de vegetais aumentem nas zonas rurais próximas aos grandes centros urbanos.

Ainda que os mecanismos de mercado sejam dominantes na China atual, o papel do governo na orientação de toda a economia é mais acentuado do que nos países de longa tradição capitalista. As diretrizes anunciadas pelo governo, com o manejo do seu sistema oficial de crédito, são mais efetivas que em outras economias, ficando claro o núcleo do seu comando.

É de se esperar, portanto, que estas mudanças acabem ocorrendo na economia chinesa, com consequência no mundo todo, dada a importância atual da China na economia mundial, notadamente nos países asiáticos.