When My Name Was Keoko, de Linda Sue Park
9 de agosto de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: autora vive nos Estados Unidos, coreanos durante a ocupação japonesa, depoimentos sobre as dificuldades
Este livro da escritora Linda Sue Park, que tem outros publicados pela editora Yearling Book, foi editado em 2002 em Nova Iorque, e republicado em 2004. Refere-se ao lamentável período em que a Coreia estava anexada ao Japão, ato pelo qual o primeiro-ministro japonês apresentou expressamente suas desculpas recentemente. A autora era estudante do primário em 1940, junto com o seu irmão, e todos os coreanos tiveram que mudar o seu nome naquele período. Ainda que o livro seja destinado mais para os adolescentes, os críticos o consideram como um importante documento sobre as dificuldades da guerra.
Os coreanos foram transformados em súditos do Império do Japão e as suas escolas passaram a lecionar em idioma japonês. A autora relata o que aconteceu com sua família que tinha orgulho da herança coreana, mas era obrigada a se submeter ao domínio do país vizinho que ganhou a guerra no começo no século passado entre os dois países, e agora se envolvia na que passou a ser conhecida como a Segunda Guerra Mundial.
Há um relato de um coreano que venceu a Maratona nos Jogos Olímpicos, façanha que foi acompanhada pelo rádio por muitos dos seus patrícios, pois ele era um dos favoritos. Mas aconteceu que o nome citado do vencedor era o seu em japonês, e foi o pavilhão do Japão que mereceu o destaque, para frustração do pai da autora, que as crianças ainda tinham dificuldade de entender.
As escolas coreanas contavam com professores locais, mas havia uma autoridade como a de um adido militar, a que todos estavam subordinados. Os coreanos eram obrigados a estudar a língua japonesa. Deve-se recordar que acontecimentos similares ocorreram, lamentavelmente, também em outros países em decorrência da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, quando muitos países deixaram de existir, sendo que alguns povos como os curdos e armênios ainda não tem a suas reivindicações atendidas, vivendo como apátridas, com documentos precários fornecidos pelo Comissariado de Refugiados da ONU. Eles não têm direito a passaportes, pois seus países não mais existem.
Na Coreia, depois da derrota japonesa na Segunda Guerra Mundial, perdurou uma situação de conflito armado entre o Norte e o Sul, que ficou conhecido como a Guerra da Coreia, havendo somente um armistício, e não um acordo de paz até hoje. Quem visita a Zona Desmitarizada entre os dois países sente o clima de hostilidade, renovado pelas atuais negociações sobre os ataques do Norte aos navios militares do Sul.
Talvez sejam estas dificuldades que ainda perduram que fazem com que os coreanos se empenhem tanto para ter um lugar ao sol, com um notável desenvolvimento econômico e afirmação dos seus valores nacionais. O livro ajuda na compreensão de parte destes desafios.