Aprendendo Com as Multinacionais Experientes
17 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Empresas | Tags: operações mundiais, suco de laranja do Brasil, suco de maçã da China
É sempre interessante acompanhar os movimentos de experientes multinacionais como a Louis Dreyfus que opera com muitas commodities agropecuárias. Agora, além de ampliar suas operações com sucos de laranja do Brasil, ingressa também nos sucos de limão, além de associar-se com os chineses nas transações com suco de maçã, pouco demandado no mercado brasileiro, mas importante no resto do mundo. Como consta de um artigo sobre o assunto publicado pelo Valor Econômico em matéria do jornalista Fernando Lopes.
Com tradição de alguns séculos, estão dotados de experiências e tecnologias para grandes volumes nos mais variados mercados, com perspectivas de longo prazo, e elevada capacidade financeira. Se produzem e exportam sucos de laranja e limão do Brasil, certamente pensaram em utilizar a sua capacidade logística para a importação, de forma a tirar o máximo proveito de todo o sistema, o que deve ser imitado por outros grupos.
O sistema logístico, desde o terminal portuário, navios e todos os serviços ligados à atividade só ganham eficiência máxima quando possuem cargas de retorno. Exportando cítricos, certamente possuem capacidade para importação de sucos de maçã, além da capacidade de marketing para todos estes produtos, bem como muitos dos seus derivados.
Muitos setores exportadores de produtos agroindustriais reclamam do câmbio e seus riscos, tributação cujas isenções não conseguem aproveitar, bem como elevados juros da economia brasileira. Na medida em que atuam globalmente, acabam neutralizando os câmbios valorizados ou desvalorizados. Aproveitam os acúmulos dos créditos fiscais para os impostos de importação e se beneficiam dos juros mais baixos que conseguem no exterior. Contando com seu sistema logístico, reduzem todos os aspectos que são considerados como “custos Brasil”, principalmente por que contam com terminais próprios e fluxos contínuos de importação e exportação, devidamente balanceados.
Existem outros setores onde o Brasil é altamente competitivo, como celulose e papel, onde a tecnologia local encontra-se em estado de arte. Mas se as empresas não atuarem globalmente, não conseguem superar os obstáculos existentes no Brasil e aproveitar os avanços tecnológicos que se observam no exterior, como outras formas de papel para finalidades específicas.
O comércio internacional desenvolve-se, em larga medida, pelas atividades intraempresas que representam metade dos movimentos mundiais, operando com produtos do mesmo setor, mas que apresentam vantagens adicionais na medida em que cada tipo específico é produzido na melhor localidade.
Existem muitas oportunidades, como os exemplos que foram apresentados, que podem ser aproveitados por empresas de grande escala, superando os obstáculos apontados por parte da indústria brasileira. Temos que torná-las multinacionais e temos todas as condições para tanto, como fazem a Petrobras, a Vale e muitas outras empresas.