Doces Japoneses na Imprensa Brasileira
3 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Gastronomia | Tags: adaptações de europeus, artigos no Paladar, doces japoneses
Dentro da culinária japonesa, possivelmente, os doces são os menos conhecidos pelos ocidentais. Muitas influências do exterior foram incorporadas, a partir da chinesa e mais recentemente da francesa, com adaptações que permitem denominar que existe uma japonesa, com características próprias. Como não poderia de ser, a base é decorrente da cultura do arroz e da soja, esta última na forma do chamado azuki, com casca mais avermelhada, que resulta numa pasta que se denomina an.
Os que ficaram mais conhecidos são os utilizados nas cerimônias de chá, mas existem muitos outros que são tomados como nos “chás das cinco” dos ingleses. Ou os que foram adaptados dos franceses, com menos gorduras e açúcares, mais leves. O suplemento Paladar do Jornal O Estado de S.Paulo de ontem, dia 2 de setembro, cobre o assunto de forma bastante completa.
As jornalistas Paula Moura e Olivia Fraga executaram bons trabalhos, complementados por depoimentos importantes como o da chef Mari Hirat, e do Thiago Minami, que veio de Tóquio. Deve- se relevar pequeníssimas falhas imperceptíveis para aqueles que não estão familiarizados com o assunto que é complexo.
Certamente, houve uma evolução dos doces japoneses ao longo do tempo, principalmente com a sofisticação das cortes como o de Quioto. Existem diferenças regionais acentuadas, até por causa da disponibilidade de matérias-primas e diferenças culturais, além das variações das classes sociais. Mas o básico está devidamente coberto.
As influências ocidentais de antes e depois da guerra tiveram impactos importantes no Japão, tanto nos hábitos da população como das pessoas que passaram a apreciar estes doces fora de suas residências, com o surgimento de estabelecimentos diversos.
Além da leveza geral destes doces, o baixo teor de gordura e açúcar, o esmero na apresentação é uma marca muito forte, e podem ser acompanhados de chás diversos, mas a presença do matchá, o utilizado nas cerimônias de chás, é marcante, como ingrediente de muitos deles. Deixam os traços do seu sabor característico.
As marcas das estações do ano são claras, como em toda a culinária japonesa, até nas decorações das apresentações. O que impressiona, também, são as embalagens utilizadas pelas confeitarias para o transporte destes doces, cada uma adequada para que não prejudique o formato de sua apresentação até chegar ao destino e o seu consumo.
É natural se distinguir os tradicionais doces japoneses, como os produzidos até hoje pelo Toraya, que quando recebidos como presentes deixam a marca do bom gosto daqueles que os presenteiam, não só porque são fornecedores tradicionais da Família Imperial. Deve-se destacar que no Japão os doces não são encarados como sobremesas, na forma de alguns costumes ocidentais.
Como quase tudo na culinária japonesa, as cerâmicas onde são apresentados estes doces são muito importantes. Na cerimônia do chá, por exemplo, o ato de girar um pouco o recipiente é para permitir que o convidado aprecie a qualidade da cerâmica que está sendo utilizada. Portanto, os doces também fazem parte do conjunto da cultura japonesa.