Esforços Japoneses Para Sair da Crise
4 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: com a China, com as entidades representativas da economia japonesa, frentes políticas
A crise em que o Japão está envolvido já perdura algumas décadas, envolvendo aspectos políticos, econômicos, internos e externos. Os esforços que estão sendo feitos para superá-la ainda aparentam ser insuficientes. O Japão está estagnado economicamente há mais de 20 anos e sua importância internacional continua diminuindo, o que é lamentável para todo o mundo, pois já tinha conquistado a posição de segunda potência econômica mundial.
Depois da Segunda Guerra Mundial, ajudado internacionalmente pelo Plano Marshall e por um câmbio desvalorizado por um longo tempo, o Japão recuperou-se de forma brilhante, fenômeno que chegou a ser chamado de “milagre econômico japonês”. Mas abriu mão de sua independência política internacional, submetendo-se à tutela dos Estados Unidos na garantia de sua segurança externa. Mesmo porque não tinha alternativa naquele momento, com o trauma causado pelas bombas atômicas, que só lhe permitia criar um sistema de defesa interna.
Quando teve que aceitar o chamado Acordo de Plaza, que valorizou a sua moeda, e diante de sua forte dependência de energia do exterior, o “milagre” desapareceu. Seu sistema político e empresarial entrou em sucessivas crises, até porque sua população já com bom padrão de vida não se empenhava como antes, quando lutavam aguerridamente com as suas muitas limitações, de um arquipélago com poucos recursos naturais. Só contavam com a capacidade de seus recursos humanos.
Sem resolver devidamente o seu acordo com os Estados Unidos, que também não se encontram dentro de suas melhores condições, tenta melhorar as suas relações econômicas com o exterior. Como na tentativa de entendimentos com a China, pleiteando uma maior flexibilidade do câmbio daquele país na reunião que manteve nos últimos dias. O problema parece mais global, exigindo uma política externa nipônica mais clara, com entendimentos também com outras potências internacionais.
Incapaz de equacionar o problema político-partidário interno, com o primeiro-ministro contestado dentro do seu próprio partido por uma liderança política que não é popular, o atual governo procura substância estabelecendo uma nova política econômica. Mobiliza suas próprias forças, com a participação das cúpulas de diversas entidades representativas da sociedade japonesa, empresários e empregados. Ainda que isto seja uma necessidade premente, falta-lhe a credibilidade que necessita ser conseguida diretamente de toda a nação.
Ainda que todos os discursos sejam de apoio pelas novas iniciativas governamentais, dada a imperiosidade de uma nova política econômica, tudo parece um pouco vazio, sem que as condições básicas indispensáveis estejam equacionadas. Há uma necessidade de um apoio mundial mais claro para as pretensões japonesas, o que parece muito difícil se conseguir no momento.
Certamente, todos desejam e torcem para que o Japão se firme política e economicamente, mas para que as condições básicas sejam atendidas há que se cumprir uma longa agenda. Deixando claro qual a contribuição que aquele país dará aos demais, que não se resume somente aos asiáticos.
E nem parece que existe um razoável consenso interno no Japão, principalmente do ponto de vista político. Há que se começar a atacar todos os problemas japoneses, e parece que o governo nipônico precisa conquistar primeiro a sua credibilidade que parece desgastada, ou que ainda não foi devidamente consolidada, nem internamente.