Estudos Adicionais Sobre o Comando na China
27 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Livros e Filmes | Tags: autores com experiências locais, estudos sobre a liderança na China, um razoável consenso
Muitos livros e estudos continuam sendo publicados sobre a liderança na administração da China, pois todos se mostram impressionados com os resultados que vêm sendo obtidos por aquele país. Mas muitos admitem que lá vigora um sistema autoritário, com o qual não concordam e criticam. A correspondente da Folha de S.Paulo, Cláudia Trevisan, dá noticia de um livro “The Party – The Secret World of China’s Communist Rulers”, escrito por Richard Mc Gregor, jornalista do Financial Times, editado pela Penguim Books, e que foi entrevistado por ela.
Segundo o autor, o Partido Comunista Chinês deixou de controlar a vida privada de cada chinês, mas detém o controle do Exército, da propaganda e de todos os postos de comando do país, inclusive das estatais. E os chineses estão comprando tudo pelo mundo, inclusive no Brasil, opinião que é partilhado por muitos outros estudiosos.
Segundo este autor, a China vem se beneficiando do resultado que vem conseguindo com o uso da economia de mercado. O Exército chinês não pertence ao Estado, mas ao Partido que é único. E o Partido nomeia além dos dirigentes políticos do país todos os postos nos diversos níveis da administração, das instituições como jornais, meios de comunicação, estatais, banco central.
O Partido dá liberdade de atuação às estatais, pois desejam que tenham um bom desempenho, sempre dentro das diretrizes estabelecidas partidariamente. Quando necessário, os dirigentes das estatais são substituídos. E eles estão adquirindo empresas no exterior, principalmente os que possuem jazidas de matérias-primas. Muitos são bons executivos e estão fazendo bons negócios.
Mas Richard McGregor opina que se as estatais chinesas desejam adquirir empresas brasileiras como a Vale, ele acha que os brasileiros devem se opor, pois acabam representando o Estado chinês. Em sua opinião, como este sistema funciona com alguma flexibilidade, ele deve perdurar por muito tempo, e só pode enfrentar dificuldades com uma desaceleração do seu crescimento.
Este autor vem concedendo outras entrevistas em jornais importantes, como o Washington Post, onde expressa as opiniões que estão no seu livro. Experientes brasileiros partilham da opinião dele, que patrimônios nacionais como as terras agriculturáveis ou jazidas de recursos minerais não podem ser alienados para estatais chinesas, pois acabarão gerando conflitos entre países independentes.
Na África, onde os chineses estão adquirindo tudo que podem, já se esboçam resistências locais, mas a forte dependência às assistências chinesas, seus financiamentos e acesso ao seu gigantesco mercado acabam seduzindo alguns dirigentes africanos.
Opiniões colhidas nas mais variadas fontes nos Estados Unidos e na Europa, onde muitos estudantes chineses fazem cursos de pós- graduação, confirmam que os melhores quadros daquele país constituem o Partido, ainda que representem menos de 20% do total da sua população. Quem espera acontecer o que acabou ocorrendo na Rússia ou no Leste Europeu, pode ser que tenha frustradas as suas esperanças, até porque a tradição histórica e cultural da China apresenta muitas diferenças, inclusive com a influência do confucionismo.