Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Repetição das Eleições e Sua Importância

23 de setembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: efeitos secundários das eleições, o que esperam os brasileiros, o suplemento da Folha de S.Paulo

Em que pesem os descréditos dos políticos, a repetição regular das eleições é a pedra fundamental dos regimes democráticos. E trazem benefícios indiretos, como este imperdível suplemento de 22 de setembro da Folha de S.Paulo, “Pelo País – o que esperam os brasileiros”. Além de trazer um balanço do que ocorreu recentemente no Brasil, detecta, de forma geral, os principais problemas na opinião dos eleitores, o que parece mais importante que todas as campanhas desenvolvidas pelos muitos candidatos.

No levantamento similar feito em 2003, os brasileiros de todas as regiões apontavam que os principais problemas eram de desemprego e fome. Hoje, apresentam saúde e segurança, mostrando uma profunda mudança ocorrida nos últimos anos. Como é natural num processo de desenvolvimento, resolvidos alguns problemas, outros passam a ganhar importância, e espera-se que os novos eleitos ajudem a resolver estas questões, para que daqui a alguns anos novos estejam nas aspirações da população.

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Mesmo que os jornalistas tenham sido designados para escrever matérias sugeridas pelos levantamentos efetuados pelo Datafolha, deve-se creditar que eles conseguiram informações esparsas sobre as principais aspirações de cada uma das regiões em que o Brasil foi dividido.

A saúde, que era precariamente atendida pelo governo, através do SUS, passa a ter maior atendimento pelo setor privado, mas existe ainda muito a ser feito, com a melhoria da qualidade e da eficiência, pois é sempre difícil de atender o preceito constitucional de atendimento universal para todos. Os recursos podem e devem ser aumentados, mas as demandas continuarão crescendo a uma maior velocidade.

A segurança, até agora atribuída somente ao governo, já está sendo suplementado por sistemas privados, cuja dimensão chega a assustar os observadores internacionais. Todos sabem que isto exige a integração adequada com a comunidade, e algumas experiências brasileiras, ao lado das internacionais, indicam caminhos que podem torná-la mais eficiente.

Certamente, estes dois problemas são mais sensíveis no Sudeste do país, que apresenta maior dinamismo. Mas deve-se constatar que o desenvolvimento está se tornando mais equilibrado, se as autoridades fiscais ficarem conscientes que não podem criar barreiras entre Estados, que reduz a eficiência do conjunto.

No Nordeste, nota-se que Lula da Silva captou melhor que todos os demais o problema da água, sempre mal equacionado, continua sendo uma das aspirações maiores, e deve-se reconhecer que muitas barragens foram construídas, e interligações de bacias podem ajudar a minorar os problemas. É preciso ter consciência que, quando comparada com outras regiões semiáridas do mundo, a quantidade de água chega a ser razoável, mas o seu escoamento é demasiadamente rápido.

O Centro-Oeste transformou-se numa importante região produtora de bens agropecuários, gerando agora problemas de escoamento com maior eficiência. Não é um problema de difícil solução, e pode ser equacionado com estradas e hidrovias, públicas e com crescente participação privada.

Na Amazônia, está aumentando a consciência que o simples desmatamento só acrescenta problemas, e ainda que continue uma região pioneira, o aproveitamento mais racional da sua rica biodiversidade e seus recursos minerais pode ser feito mais eficientemente.

O Sul, apresentando-se como uma região hoje problemática, deve aproveitar o seu elevado nível educacional, contando com uma mão de obra qualificada, precisa ampliar a área de serviços e novas tecnologias, com pequenas e médias empresas, inclusive de industrialização de produtos agropecuários.

Que os políticos tenham a possibilidade de incorporar estas aspirações dos brasileiros, considerando as diferenças regionais e acompanhando a dinâmica de suas evoluções.