Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Reunião Ministerial do G-20 na Coreia do Sul

24 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: ausência brasileira, decisões tomadas, reunião ministerial e de presidentes dos bancos centrais

Os veículos de comunicação de todo o mundo noticiaram sobre as reuniões do G20 na Coreia do Sul, reunindo ministros e presidentes dos bancos centrais. Ainda que as expectativas de resultados concretos fossem pequenas, pode-se afirmar que o que era possível foi alcançado. Obteve-se uma declaração de que adicionais desvalorizações cambiais devem ser evitadas, perseguidos maiores equilíbrios comerciais mundiais, e uma redivisão do poder junto ao FMI, com europeus cedendo alguns cargos para países emergentes.

As grandes ausências foram as do Brasil, quer seja do ministro da Fazenda quer seja do presidente do Banco Central. Sabia-se que o alvo principal seria a exagerada desvalorização do câmbio chinês, que provocavam reações como a desvalorização do dólar norte-americano sem que houvesse um consenso razoável sobre estes assuntos, que permitissem tomadas de posições práticas. Mas seria a preparação da reunião em nível presidencial do G20, em novembro próximo na mesma Coreia do Sul.

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Ministros e presidentes de bancos centrais na reunião do G20 na Coreia do Sul

Tudo indica que o Brasil não desejava a condenação explicita da política chinesa, o que não era possível, ao mesmo tempo em que o ministro Guido Mantega solicitava que o secretário do Tesouro norte-americano expressasse o ponto de vista comum dos dois países naquela reunião. Perdeu-se a oportunidade de consolidar um aumento de influência brasileira, que sempre adotou a posição contra a guerra cambial e redistribuição do poder nos organismos internacionais, principalmente da área econômica.

Mesmo que a presença do Brasil na próxima reunião em nível presidencial ainda não esteja confirmada, parece de toda conveniência que Lula da Silva utilize a ocasião para se firmar como um dos líderes do mundo emergente, que conta com invejável prestígio popular no seu país, e respeito nas rodas internacionais, diante da melhoria da distribuição de renda e contribuição para o combate à fome.

Todos reconhecem que os avanços na guerra cambial ou no melhor equilíbrio comercial mundial serão demorados e trabalhosos, não se obtendo somente com declarações diplomáticas, diante das posições antagônicas existentes, principalmente por parte da China, que todos desejam como mercado consumidor dinâmico.

O desaquecimento da economia mundial já está ocorrendo, e os países emergentes não possuem poder para mantê-lo com um ritmo de crescimento expressivo, mesmo estimulando seus mercados internos. Mas sempre vale a tentativa de um entendimento internacional mínimo, até para evitar cenários mais pessimistas. E o G20 continua sendo considerado o fórum mais adequado para este debate, que pode avançar um pouco mais nas fases preparatórias da próxima reunião. Pode-se afirmar que os resultados alcançados foram mais expressivos do que as perspectivas que existiam, mesmo sem a presença explícita do Brasil.