Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Amplia-se a Disputa Mundial do Poder Cambial

8 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: economia em desaquecimento, FMI, guerra cambial

Dominique Strauss-Kahn Ainda que o assunto seja técnico, ele merece uma atenção de todos, pois seus efeitos são gerais, afetando tanto os países desenvolvidos quanto os emergentes como a China e o Brasil. Todos são constantemente informados sobre uma verdadeira guerra que se processa em muitos países diante do quadro cambial mundial. Hoje, o jornal Valor Econômico publica um artigo do jornalista Alex Ribeiro sobre a disputa de poder no FMI – Fundo Monetário Internacional, relacionando com o câmbio dos países emergentes, que se processará nas reuniões regulares previstas para os próximos dias.

O atual diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, vem expressando o desejo de todos que haja um acordo internacional para estabelecer um novo quadro cambial mundial, evitando que ocorra uma onda de protecionismo como decorrência da atual guerra cambial. Os chineses estão com o câmbio desvalorizado, como todos admitem, inclusive eles, mas entendem que a medida atende aos seus interesses. Os norte-americanos tomam medidas para desvalorizar o dólar que é utilizado na maioria das operações financeiras internacionais. E outros, como os japoneses e brasileiros, procuram se defender com medidas para evitar a exagerada valorização de suas moedas.

Mesmo com este quadro, todos sabem que um acordo é extremamente difícil, tanto porque os chineses resistem ao mesmo, como nem mesmo o FMI possui o poder de consolidar um bloco capaz de impor esta medida. Este organismo internacional, desde a sua criação, conta com um poder elevado dos europeus, cuja importância no cenário econômico mundial vem se reduzindo. Os norte-americanos ficam com comando da outra organização que funciona ao seu lado que é o Banco Mundial. Os países emergentes, inclusive o Brasil, reivindicam o aumento de sua participação nas decisões destes organismos, dada a importância que ganharam recentemente.

Deseja-se fazer uma concessão, mediante um entendimento na área cambial que, além de visar diretamente a China, pode atingir o Brasil, provocando uma valorização dos seus câmbios. Nada indica que este quase “milagre” será atingido e muitos países vão continuar adotando medidas protecionistas, reservando seus mercados internos para as empresas localizadas em seus territórios, dificultando a exportação de outros.

Com isto, ocorreria um arrefecimento do ciclo de globalização que proporcionou ao mundo todo anos de prosperidade. Há um evidente exagero da influência dos aspectos financeiros, e nem o BIS – Banco Central dos Bancos Centrais de cada um dos países, outro organismo que poder influenciar nestes assuntos, está em condições de controlar o poder dos bancos e entidades similares.

O lado real da economia, ou seja, o que cuida da produção e do emprego acaba ficando condicionado aos interesses do setor financeiro, que nem sempre beneficiam a todos.