Bolha Imobiliária na China
8 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: importância do setor imobiliário chinês, medidas tomadas em Xangai, tendência a um desaquecimento
Um dos setores que vinha alavancando o espantoso crescimento econômico chinês recente era o seu setor imobiliário. Com as construções de edifícios e habitações, a infraestrutura chegou a representar mais da metade do setor de construção do mundo, inclusive produções de cimentos e usos de equipamentos para a engenharia. Havia suspeitas que este processo não poderia continuar indefinidamente, e um artigo publicado no China Daily informa que medidas começaram a ser tomadas naquele país.
Xangai, uma das cidades mais importantes da China e do mundo, regulamentou que cada família possa adquirir somente um novo apartamento, evitando que haja uma especulação com os mesmos. O mesmo já aconteceu em Beijing em abril passado.
Ao mesmo tempo, os empreendedores imobiliários passam a pagar um imposto de valor adicionado sobre edifícios e terras, pois acabam se beneficiando da valorização destes imóveis. Quando os imóveis são de valores mais elevados, os impostos são mais altos.
Eles esperam que as medidas vão sinalizar para o futuro, e como os agentes econômicos costumam antecipar estes fatos, deve haver um desaquecimento neste setor de construção. Isto pode reduzir o crescimento global chinês, se não for compensado pelos investimentos em infraestrutura, como estradas, portos e outras facilidades.
Há pessoas que duvidam da eficácia destas medidas, pois a demanda de habitações melhores continua forte, com o aumento da renda dos chineses. As autoridades de Xangai, por outro lado, planejam oferecer um milhão de habitações subsidiadas, de menor valor, indicando que as medidas visam também melhorar a distribuição de renda naquele país, que está se agravando.
Na realidade, como o setor de construção civil tem um impacto significativo em outros setores, por demandar produtos variados, pode-se concluir que as autoridades chinesas estão se ajustando para um crescimento econômico mais modesto, pois vinham utilizando a exportação, mas o resto do mundo dá indicações de suas dificuldades. O mercado interno chinês somente, ainda que seja gigantesco, é incapaz de sustentar as taxas de crescimento que veio se observando nos últimos anos.
Como a capacidade de produção chinesa é elevada, pode-se contar que eles continuarão agressivos na exportação dos seus excedentes, com produtos competitivos, como já vem ocorrendo, inclusive provocando importações brasileiras.