Chineses se Juntam aos Espanhóis no Pré-sal
2 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: chineses subscrevem aumento de capital, cuidados a serem tomados, Sinopec com a Repsol
O jornal chinês China Daily e o brasileiro Valor Econômico informaram que a empresa chinesa Sinopec, grande refinadora de petróleo, subscreveu um aumento de capital da espanhola Repsol, que atua com uma subsidiária no Brasil, que já localizou indícios de petróleo na sua concessão nos campos de Guará e Carioca. As notícias têm como fontes a Bloomberg e o site da Repsol na Espanha.
Segundo o China Daily, a Sinopec subscreveu totalmente um aumento de capital da Repsol no valor de US$ 7,1 bilhões, ficando com 40% do capital da mesma, enquanto ela mantém os 60%. Os recursos se destinam a investir no Brasil, na exploração do pré-sal. A Repsol pretende investir nos campos de Santos, Campos e Espírito Santo US$ 5 bilhões entre 2010 a 2014 e outros US$ 9 bilhões entre 2015 a 2019, segundo aquele jornal.
Estas duas empresas, a chinesa e a espanhola, atuam amplamente em muitos lugares do mundo, e possuem, segundo as declarações da Repsol, investimentos adicionais no Brasil onde têm concessões de pesquisa, notadamente no pré-sal, atuando coordenadas com a Petrobrás.
Já foi amplamente noticiado que no Brasil, além das empresas de controle de brasileiros, outras empresas controladas por capital estrangeiro participaram dos leilões para pesquisas em determinadas localidades, dentro do conjunto maior do pré-sal. A subsidiária brasileira da Repsol atua especificamente nos campos de Guará e Carioca.
As notícias dos interesses chineses em assegurar o seu abastecimento com investimentos no Brasil também vêm sendo divulgadas. Que uma decisão concreta se realiza com a sua participação no capital da espanhola Repsol parece ser a novidade recente.
Tudo indica que estes investimentos exigem um cuidado especial das autoridades brasileiras, pois a Sinopec é reconhecidamente uma estatal chinesa, o que significa que o governo chinês ficou diretamente envolvido na concessão no Brasil, ainda que se faça por uma subsidiária brasileira.
Não se pode negar, potencialmente, o risco de conflitos de interesses soberanos, ainda que o petróleo ou o gás sejam commodities operadas no mercado internacional. Sempre existe a possibilidade dos riscos relacionados aos preços que serão utilizados em eventuais exportações, que podem implicar em remessas de recursos para o exterior, que sempre apresentam complicações quando se tratam de relações entre países independentes. Mesmo que eles pareçam ser baixos no presente caso.