Contrastes Entre Consumidores de Diferentes Países
25 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: aquecimento do consumo brasileiro, reticências dos consumidores japoneses, viagens internacionais
O jornal Folha de S.Paulo reproduz um artigo do jornalista Martin Fackler no seu suplemento do The New York Times mostrando que os jovens no Japão não compram, dificultando a recuperação da economia daquele país que passa por um processo de deflação e dificuldades na recuperação econômica. Diferem de alguns europeus que continuam desejando um nível de bem-estar acima do possível com a sua produção, e dos consumidores dos países emergentes como o Brasil, que exageram nas suas viagens internacionais.
Entre os brasileiros, o presidente Lula da Silva, com seu carisma, conseguiu que os consumidores continuassem a comprar, quando o mundo foi atingido pela última crise. Explicou que se retraíssem o seu consumo, o impacto da crise seria mais profundo, e acabou colhendo um resultado que surpreendeu todos os demais países, com uma recessão mínima, e uma recuperação vigorosa.
Esta diferença de comportamento deve, no mínimo, em parte da psicologia coletiva que difere entre países desenvolvidos que têm invernos rigorosos, que obrigam a população a uma cultura de poupança para períodos difíceis. Nos trópicos, o clima mais favorável, estimula a população a uma vida mais descontraída, aproveitando as praias e a natureza, não exigindo que a maioria dos consumidores fique estressada com o dia de amanhã.
Graças ao desenvolvimento tecnológico da agropecuária, a produção de alimentos tem sido suficiente para saciar a fome de todos, gerando excedentes para a exportação para o resto do mundo, criando também divisas importantes. Esta característica de trabalhar muito, mas levar uma vida mais descontraída, com samba, futebol e praia, tem impressionado a muitos que foram criados em países de clima temperados, que encontram por aqui o seu ideal de vida. Apesar das dificuldades naturais que sempre existem.
O nível de suicídios em alguns países com inverno rigoroso mostra que eles possuem mais tendências para estados depressivos, enquanto os brasileiros podem até exagerar no seu otimismo, que acaba gerando um clima adequado para iniciativas empresariais. Mesmo com as dificuldades de impostos elevados, juros altos, câmbio desfavorável, infraestrutura deficiente, assistência social insuficiente, os empresários continuam mantendo suas expectativas mais positivas, impressionando e contagiando estrangeiros.
É claro que a abundância de recursos naturais acaba ajudando junto com um clima favorável, ao mesmo tempo em que a miscigenação de muitas etnias e culturas trazidas pelos imigrantes de toda a parte do mundo, sem segregações importantes, favorece uma criatividade e um otimismo mais elevado. Ainda que existam exceções, os brasileiros continuam acreditando que Deus também é brasileiro…
Sem nenhum exagero, parece hora de facilitar novas imigrações de recursos humanos preparados, com vêm fazendo a Austrália e o Canadá, até porque existem muitas oportunidades, acima daquelas que podem ser aproveitadas pelos brasileiros. É hora, também, de repatriar os brasileiros que foram procurar oportunidades em outros rincões, como já está ocorrendo, pois eles incorporaram importantes experiências internacionais, hoje necessárias para ampliar as atividades externas de empresas brasileiras.
O Brasil pode contribuir, também, sem nenhum ufanismo, com o resto do mundo para melhorar o otimismo, pois parece que muitos perderam a sua autoestima. É preciso entender que desafios sempre existem e são estímulos para serem superados, não havendo nenhuma necessidade de gerar cenários catastróficos, como alguns colegas economistas costumam disseminar. A humanidade sempre contou com dificuldades, todas elas superadas, sem nenhuma irresponsabilidade.