Desinformações Sobre Terras Raras
18 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Tecnologia | Tags: confusão de informações, perspectivas de prazo mais longo, reservas limitadas, uso de terras raras
Um artigo do Wall Street Journal, reproduzido hoje no Valor Econômico, que contou com a colaboração de muitos jornalistas de diversos pontos do mundo, dá uma mostra da confusão que está instalada no trato do assunto relacionado com terras raras, que são 17, tanto por parte dos empresários e acadêmicos como por profissionais da imprensa. A partir de medidas que começaram a restringir a exportação chinesa, tanto oficial como de contrabando, disseminam-se muitas desinformações, sabendo-se que a China é o maior produtor destes minérios.
Indica, também, que as visões de muitos estão ligadas somente a curto e médio prazo, não se examinando os problemas com perspectivas mais longas. Por se tratarem de produtos estratégicos para atividades de alta tecnologia, as autoridades e os empresários deveriam se preocupar com as análises com horizontes de décadas, não se restringindo à recente alta dos seus preços, pois existe uma tendência de sua elevação que vem ocorrendo há anos.
Gráfico mostra que o preço de terras raras subiu vertiginosamente
Lamentavelmente, parece que assuntos importantes estão sendo tratados por todos com certa superficialidade. Estes elementos são chamados terras raras exatamente porque se apresentam em percentuais mínimos misturados com outros minérios, e continuarão com a sua quantidade disponível sempre limitada. Alcançam preços elevadíssimos, e costumam ser utilizadas para a produção de ligas indispensáveis às atividades de alta tecnologia. Se eventualmente, e em curto prazo, as ofertas chinesas provocarem quedas momentâneas dos seus preços, isto é irrelevante do ponto de vista estratégico ou de longo prazo.
Há poucos meses, antes dos boicotes chineses, empresas como as japonesas foram procuradas por detentores de jazidas que tinham comprovadamente terras raras. Mas os interesses foram discretos, e agora parece se processar quase uma corrida, mas ainda existe um temor de investimentos de prazo mais longo, diante dos riscos de tempo mais limitado. Acabam dando a impressão que os executivos estão todos contaminados pelos comportamentos, como o do setor financeiro, que vivem das violentas flutuações e instabilidades.
Se o mercado não consegue ter uma visão adequada, parece que as autoridades poderiam ajudar neste processo, pois, como estado indutor, necessitam pensar no que vai acontecer no futuro em toda a sua estrutura industrial, que depende fortemente de tecnologias cada vez mais avançadas.