Honda Amplia sua Fábrica em Manaus
14 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Empresas | Tags: comportamento dos automóveis, demanda em crescimento, mercado de motocicletas, modelos mais baratos
É do conhecimento geral que a Honda domina amplamente o mercado brasileiro de motocicletas, havendo até a opinião de alguns dos seus dirigentes que o “market share” não deveria ficar tão elevado. Infelizmente, os seus concorrentes não são dinâmicos suficientes para acompanhar esta evolução do mercado, que passa a demandar modelos menores de custos mais baixos.
A nova planta, conforme noticiado hoje no O Estado de S.Paulo, localizado ao lado da anterior, na Zona Franca de Manaus, procura aproveitar a logística e a sinergia existente. Ao mesmo tempo em que se concentra na produção dos modelos mais populares, denominados Pop 100 e Biz 125, cujo volume pode chegar a 500 mil motos. A produção total da Honda no Brasil deve chegar a 1,84 milhões de motos, equivalente a demanda atual brasileira.
Pop 100 e Biz 125: modelos populares da Honda
É interessante observar que os fornecedores de componentes, na sua maioria, se localizam em outros centros, como a região Centro-Sul do País. Isto exige um sistema logístico complexo até a região Norte, com transporte fluvial pelo rio Amazonas, mas a Zona Franca oferece algumas outras vantagens que as fiscais, que passam a ser cada vez menos relevantes.
Nota-se, por outro lado, que a indústria automobilística japonesa, que já conta com modelos menores e de baixo custo, concentram-se nos que utilizam energia elétrica, alguns flexíveis para consumo de gasolina. Mas tais modelos, ainda em escala experimental, não são produzidos em países emergentes como o Brasil, utilizando a experiência acumulada com as motocicletas.
Ainda que os todos os modelos de automóveis tendam a ser menores, mais compactos ou esportivos, como os “off road” ou com trações nas quatro rodas, ainda não são populares. Existem argumentos que os chineses e os indianos são mais competitivos nos veículos mais populares, mas se o mercado dos países emergentes são hoje os mais atrativos, há que se produzir estes modelos onde as demandas são maiores. Parece uma lógica que não consegue ser seguida pelos produtores japoneses de autos.
Ao mesmo tempo, há uma percepção que os modelos futuros serão mais amigáveis ao meio ambiente, não somente pelos combustíveis utilizados, mas pelos componentes utilizados. Plásticos biodegradáveis tenderão a ser mais intensamente aproveitados em peças e componentes, tudo indica. Ora, é no Brasil que as matérias-primas como a cana de açúcar é mais tradicional, apresentando perspectivas de custos mais baixos.
Se realmente estas empresas desejam se tornar globais, parece-nos mais inteligente que seus centros de pesquisa estejam localizados junto aos mercados e as fontes de matéria-prima.