Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Perspectivas dos Jovens da Elite na China

22 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura | Tags: análises comparativas, os jovens da elite chinesa, outros países emergentes

 Tsinghua_Emblem Um interessante artigo foi publicado por John Gapper no prestigioso jornal Financial Times referindo-se às perspectivas dos jovens chineses de elite, como os alunos da Universidade de Tsinghua, onde estudaram o atual presidente da China Hu Jintao e o seu provável sucessor Xi Jinping, promovido recentemente a um dos mais elevados cargos do comando militar. É possível fazer uma comparação com os formados nas mais respeitosas universidades de outros países, inclusive emergentes, como o Brasil.

John Gapper participou de um programa organizado pelo Committee of 100, uma organização sino-americana que tenta estabelecer uma ponte entre os Estados Unidos e a China. Visitou estudantes que participam desta elite chinesa. Observou que eles possuem interesses semelhantes dos outros em diferentes países, não estando muito ligados aos assuntos políticos locais.

Ainda que o China Daily tenha descrito Xi Jinping, o provável futuro presidente, como um líder que começou humildemente os trabalhos num vilarejo estudando duramente sob lamparinas, na realidade ele é filho de um vice-presidente do país que estudou na mesma universidade, mas foi atingido pela Revolução Cultural. Xi Jinping faz parte dos chamados “princelings”, que são descendentes de políticos eminentes do passado, que agora se encontram no poder, como muitos outros. Como em outros países, também na China parece haver uma tendência à formação de um sistema oligárquico.

O que o autor do artigo destaca é que estes jovens da elite chinesa contam com todas as condições para obter sucesso, político ou empresarial. Além de estudarem em universidades de prestígio, vivem numa economia que continua crescendo rapidamente, notadamente no seu consumo, contam com créditos oficiais que desejarem se almejam empreender uma empresa.

Mas existem algumas condições que eles precisam atender. Não aparecer exageradamente nos noticiários, e não confrontarem publicamente com as posições dominantes entre as autoridades chinesas. Na realidade, o que se pode constatar é que privadamente as divergências e críticas podem ser efetuadas, como também constatei pessoalmente, como os comentários que recebi na China, mesmo sendo um estrangeiro.

Existem milhares de meios, atualmente até eletrônicos, pelos quais divergências políticas acabam sendo expressas naquele país, transmitidas até para os estudiosos da China no exterior, mostrando que por lá existe um tipo de flexibilidade que nem sempre é compreendido no Ocidente. Aqui se preza mais a formalidade democrática, segundo critérios como os estabelecidos pelas revoluções americana ou francesa. Sempre é difícil compreender plenamente a influência de Confúcio na Ásia.

No Brasil, como no Japão, o número de descendentes de destacados políticos no Parlamento é elevado, em nada diferindo da China. Também no mundo empresarial, algo semelhante acontece. Como também as universidades tendem a formar uma elite desde os primórdios dos países asiáticos. Sempre visavam preparar os futuros dirigentes de uma nação. O que parece desejável é a oportunidade para todos concorrerem às ascensões pela meritocracia.