Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Perspectivas Futuras da Índia

24 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: diferenças com o Brasil, dinâmica democrática, grande população em crescimento, incorporação da classe E

Alguns artigos são publicados em jornais importantes indicando que a Índia continua crescendo rapidamente, tendo até possibilidades de ultrapassar a China nas próximas décadas. Um dos elementos utilizados nestas análises é a sua demografia. Além de apresentar um crescimento populacional mais elevado, sua estrutura é bem mais jovem, contando com mais mão de obra ativa, e menos idosos dependentes. Chama atenção, também, pelo seu sistema democrático, que atrai muitos que possuem ideologias que dão grande importância às liberdades de iniciativa, fazendo com que o seu setor privado seja mais expressivo.

O jornal Folha de S.Paulo traz hoje um interessante artigo do jornalista Toni Sciarretta com o título Índia recria economia com capital privado forte, mostrando a sua diferença com outro BRIC, o Brasil. Lá, informa o jornalista, a classe E está sendo incorporada ao mercado pela iniciativa privada, que cria produtos acessíveis, enquanto aqui é o governo que induz a melhoria da distribuição de renda, acrescentando novos consumidores. Ambos os países apresentam trânsitos caóticos, que também se encontram em algumas partes da China.

mapa da india

A demografia tende a influenciar a economia de forma inexorável, sendo um dos fatores mais estáveis que contribuem nas perspectivas de longo prazo. A Índia já apresenta uma classe média, assim entendida a que pode adquirir uma residência própria, equipá-la com os eletrodomésticos usuais e adquirir um carro, com mais de 600 milhões de pessoas, o que representa um mercado impressionante. No Brasil, estima-se que esteja chegando aos 40 milhões, diferença que deve impressionar os que só olham para o próprio umbigo.

Na China, para a maioria da etnia han, que representa 80% de sua população, há uma pressão social há décadas para que cada casal tenha somente um filho, orientação que nem sempre funcionou no meio rural. De qualquer forma, conta agora com um maior percentual de idosos, enquanto os jovens são mais limitados numérica e relativamente. No Brasil, a população total está muito abaixo dos bilhões dos dois países asiáticos em discussão.

A Índia sempre teve uma elite poderosa economicamente, e contou com ampla possibilidade de treinar muitos dos seus filhos em nível de pós-graduação no exterior. O número de Ph.Ds hindus chegou a ser avaliado como o segundo no mundo, depois dos Estados Unidos. Conta com importantes centros de estudos, geradores de tecnologias baratas voltados aos novos consumidores, com mão de obra qualificada e de custos modestos.

Vem diversificando seus relacionamentos internacionais, que estavam concentrados na Inglaterra e nos Estados Unidos, trabalhando tanto na infraestrutura como nos setores de tecnologia de ponta com os japoneses, por exemplo. Ganha crescente importância política no cenário internacional, com muitos hindus empregados em instituições mundiais. A Índia é uma potência atômica.

Trata-se, portanto, de um país e uma economia que merecem ser acompanhados com maior atenção, estabelecendo mecanismos adicionais de intercâmbio com outros emergentes, como o Brasil, que pouco o conhece.