Problemas Cambiais Mundiais
5 de outubro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais | Tags: desvalorização do yuan chinês, do dólar norte-americano, valorização do real brasileiro
Como o real brasileiro está exageradamente valorizado, inibindo as exportações do Brasil e estimulando suas importações, cortando o emprego dos que moram neste país, as autoridades locais impuseram o aumento do seu IOF – Imposto de Operações Financeiras para operações de compra de títulos de renda fixa pelos estrangeiros de 2 para 4%. Isto gera comentários internos e externos que acham que a medida é inócua ou de alcance limitado, como os que se encontram nos mais variados jornais do Brasil e do exterior.
Argumentam que o mais conveniente seria uma medida de acordo mundial, como a que foi tomada no passado, no chamado Acordo de Plaza, quando se provocou a valorização do yen japonês, com a consequente desvalorização do dólar norte-americano. As reclamações mundiais são de um yuan chinês extremamente desvalorizado, que provoca um desequilíbrio mundial, ao mesmo tempo em que os Estados Unidos desvalorizam também o seu dólar, para estimular sua economia interna.
As condições que existiam quando se estabeleceu o Acordo de Plaza não mais existem. Naquela época, os Estados Unidos tinham o poder internacional para convencer os países desenvolvidos a tomarem medidas coordenadas como aquelas. Hoje, a China não se submete a estes entendimentos e o poder ficou dividido com os países economicamente emergentes, não havendo mais um núcleo de países capaz de impor um acordo da natureza.
O Brasil, mesmo com suas limitações, toma as medidas necessárias, pois os fluxos financeiros internacionais são os que determinam os câmbios e não o comércio internacional. Os bancos e instituições semelhantes possuem grande interesse nestes fluxos, por proporcionarem lucros expressivos para eles. Existem muitas formas de inibir estes fluxos, mas isoladamente há o risco de provocarem problemas com a sua abrupta inversão dos sentidos, ou seja, os influxos se tornarem refluxos, com a ajuda do sensível sistema financeiro internacional.
Os japoneses estão expandindo sua oferta interna de crédito para coibir a valorização do seu câmbio, ativando sua economia interna. Medida semelhante está sendo tomada pelos Estados Unidos, conseguindo resultados mais expressivos com a desvalorização de sua moeda, ou seja, um efeito inverso. O Brasil teme os efeitos inflacionários ao mesmo tempo em que necessita de recursos externos, ainda que não excessivos, para cobrir sua balança de pagamentos.
Não há dúvidas que um acordo internacional seria o mais conveniente, mas quando não existe um consenso e muitos resistem a medidas de controle, acaba se fazendo o que é possível e não o que seria desejável.
Lamentavelmente, o mundo financeiro tornou-se muito complicado com a globalização, havendo necessidade de um mínimo de regulamentação que está se tentando no âmbito do BIS – Banco Internacional de Compensação, o Banco Central dos Bancos Centrais, mas com resistências do sistema financeiro internacional privado. Estas medidas visariam à segurança do sistema para evitar problemas como os que foram enfrentados nos últimos anos.