Capitalismo de Estado da China
17 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: artigo do Wall Street Journal no Valor Econômico, críticas aos chineses, o que pode ser discutido
O jornal Valor Econômico reproduz artigo dos jornalistas Jason Dean, Andrew Browne e Shai Oster, do The Wall Street Journal, com o título “Capitalismo de Estado da China gera críticas globais”, que faz um bom resumo de como as empresas estatais daquele país atuam, não permitindo condições de concorrência com empresas privadas de outros países.
Mostra que, na última década, a economia chinesa consegue melhores resultados que a de outros países, que o controle estatal é mais acentuado, suas estatais aumentam a participação no PIB e seus lucros estão em alta, que recebem assistência dos bancos oficiais e estão ampliando seus gastos em pesquisa e desenvolvimento, utilizando dados de muitas fontes oficiais. E elas estão se preparando para atividades futuras, como as tecnologias voltadas para o desenvolvimento sustentável, como a utilização da energia solar.
Reprodução da foto publicada no Valor Econômico
O artigo historia que o mundo optou pela concorrência de mercado depois da Guerra Fria, mas agora com os chineses fazendo amplo uso do planejamento governamental está se posicionando no controle das matérias estratégicas para o desenvolvimento futuro, como o polissilício. No Ocidente, as empresas privadas levam anos para implementar seus projetos, o que é conseguido muito rapidamente na China, com ajuda oficial e dos bancos estatais.
O longo artigo fornece detalhes tanto deste setor como de outros, mostrando que os empresários de outros países se queixam das possibilidades de concorrência com os chineses. Além da China ser gigantesca em termos populacionais, o Estado sempre teve uma importância acentuada, o que continua mesmo com a sua participação na Organização Mundial do Comércio (OMC).
Mesmo que haja críticas, elas não se transformam em ações de retaliação, pois todos desejam se beneficiar de parte da rápida expansão que continua ocorrendo na China, tanto pelos fornecimentos de produtos elaborados baratos como das possibilidades de acesso ao seu espantoso mercado interno.
O que se costuma apontar é que este processo dirigido pelo Estado não permite uma melhor distribuição do poder e o estabelecimento do regime democrático, acabando por inibir sua capacidade criativa. Até o momento, a China veio encontrando, mesmo sob o comando de um partido único, uma descompressão controlada, ao mesmo tempo em que o mercado é utilizado para obter a eficiência tecnológica, num regime que pode ser considerado misto.
Há uma tendência de se considerar que tudo isto tem um limite, pois é da natureza humana que a conquista de um bom nível de bem-estar material acaba por desencadear uma natural aspiração por maior liberdade política, que está sendo concedida aos poucos.
Os dirigentes chineses alegam que, pelo nível de renda per capita, ainda são países emergentes, ainda que caminhe celeremente para se tornar a primeira economia do mundo, ainda que em termos de poder de paridade de compra.