China Próxima de Superar a Economia dos Estados Unidos
17 de novembro de 2010
Por: Paulo Yokota | Seção: Notícias | Tags: em 2014 calculado pelo PPP, menção na Folha de S.Paulo, previsões de Martin Wolf do Financial Times
A Folha de S.Paulo tem uma coluna chamada Toda Mídia que costuma noticiar diariamente as referências mais importantes dos principais jornais internacionais. Chama a atenção para o artigo de Martin Wolf, consagrado economista, enviado de Xian, a antiga capital da China. Ele publica regularmente no site do Financial Times, e informa que o “estamos vendo o fim de séculos de domínio ocidental”. Joseph Needham, o mais profundo acadêmico conhecedor da China, da Universidade de Cambridge, considera que somente após a revolução industrial o País do Meio perdeu a liderança, que agora procura retomar.
Martin Wolf estima que em 2014, calculado pelo PPP – Poder de Paridade de Compra, ou uma cesta de produtos e serviços que se pode obter com uma quantidade de renda, a China ultrapassará a economia dos Estados Unidos em termos de dimensão, ainda que não em termos de renda per capita. Nos Estados Unidos, esta cesta é cara, e na China barata. E no final da década pelo PIB calculado em dólares norte-americanos, com as distorções que ocorrem com os câmbios. Seria muito antes das previsões da Goldman Sachs, que criou a expressão BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), que aventava esta possibilidade em torno de 2030.
A China vem sendo muito criticada por causa do seu câmbio desvalorizado que desequilibra o comércio internacional, mas cria emprego para os chineses, mantém o yuan com o baixo salário ainda hoje pago aos seus abundantes recursos humanos. Os Estados Unidos, para manter a sua competitividade, simplesmente imprimiram as notas de dólares inundando o mundo com os mesmos desvalorizados, para ver se seus produtos ganham o mercado mundial, ao mesmo tempo em que suas importações ficam mais caras. Mas isto ainda não está sendo suficiente para estimular a sua economia, pois os empresários e banqueiros estão pouco confiantes no governo Barack Obama, não efetuando os investimentos que criariam empregos, aumentando os rendimentos dos seus consumidores.
As recentes pressões inflacionárias na China dificultam a valorização de sua moeda, pois tornariam as suas importações mais custosas. Com tudo isto, os impasses internacionais não se resolvem rapidamente, mas, de qualquer jeito, o crescimento chinês continua elevado, enquanto os Estados Unidos não conseguem ativar a sua economia.
Os países emergentes apresentam uma perspectiva mais brilhante no prazo médio e longo, enquanto as economias industrializadas não conseguem romper o seu marasmo. Há uma visível redistribuição de renda mundial, fazendo com que a liderança econômica mundial possa mudar de país, pois a China continua sendo um mercado importante para muitas economias do mundo, que, para continuarem crescendo, precisam se vincular às que mantêm um dinamismo mais acentuado.
As influências políticas internacionais, o poder militar bem como os efeitos culturais, por ora, não sofrem modificações, mas tudo indica que acaba sendo uma questão de tempo, que pode ser mais longo.